Waldo X-Picanha, o original

A alma do negócio do Waldo X-Picanha Prime era distribuir e vender cocaína, num sistema de delivery para clientes “vips”. Além de vender sanduíches, o estabelecimento fornecia droga aos clientes no próprio local ou em casa. Na operação que forneceu assunto e diversão para os usuários da internet, só faltou a Polícia Civil esclarecer à nova geração de fregueses que o original Waldo X-Picanha tem outro nome e sobrenome – não tendo nada a ver o X da questão.

Waldo, o inventor do X-Picanha, poucos conhecem – e quem não o conhece também não sabe o que está perdendo. Paranaense de Santo Antônio da Platina, começou sua vida em Curitiba como chapeiro de lanchonete. Sendo a chapa pequena demais para o seu próprio gosto, abriu sua própria chapa na Rua Cruz Machado. Na quase esquina com a Cabral, a nova chapa era quase do tamanho da casa, quase uma garagem. Sucesso chama sucesso e o sucesso do novo sanduíche fez com que ao lado do Waldo X-Picanha um outro sucesso se estabelecesse: o bar do Saul Trumpet. A melhor música e o melhor sanduíche da cidade fizeram daquela quadra da Cruz Machado a referência boêmia de Curitiba.

Sabia que jabuticaba só existe no Brasil e X-Picanha só existia em Curitiba? A criação gastronômica ganhou notoriedade, foi imitada no Brasil inteiro, atravessou fronteiras e o autor também foi correr o mundo: depois de uma temporada na Europa (longe dos credores, ao que dizem), Waldo retornou ao Brasil para fechar o acanhado endereço da Cruz Machado e abrir um outro na esquina da Saldanha Marinho com a Fernando Moreira, o Bar Saldanha Moreira. Recentemente Waldo abriu mais dois restaurantes, ambos na região do Bigorrilho.

Do abecedário da noite, para cada letra Waldo tem uma história. Da sua cartilha de vida, das mais atribuladas, tem uma curiosa norma de conduta, tanto nos negócios quanto na convivência: é a regra do P. De A a Z, ele explica por que a letra P merece o devido respeito e, quando se depara com uma palavra que inicia com a letra P, ele abotoa o paletó e não mede reverências.A começar pelo P do Pai que está no céu e aquele de quem muito recorda: o P de Palmada no P de Piá.Ouça o P do Papa, o P do Padre, o P do Pastor.E se afaste do P de Promotor, do P de Processo e, principalmente, do P de Polícia.

É P de Pau, é P de Pedra, é P de Pão, é P de Picanha, esta é a regra do P do Waldo X-Picanha e, para bom entendedor, fica aqui o P de Ponto final.