Viva o arquiteto

Num dos mais assustadores manifestos do urbanismo moderno, o fotógrafo e escritor Danny Lyon publicou no jornal The New York Times uma pequena lista com algumas atitudes para reformar uma cidade como Nova York. “Firstwekillthearchitects” é o título da provocação:

1 – Primeiro a gente mata os arquitetos (Firstwekillthearchitects). 2 – Depois, queimamos os shoppings. Seguindo o exemplo de Alexandre, a gente mantém as livrarias e os cinemas, como ele preservou a casa e a biblioteca de Píndaro, quando queimou Tebas. 3- Redução de impostos e incentivos fiscais para todas as pequenas empresas que quiserem construir sobre as cinzas dos shoppings ou se instalar no centro. 4 – O uso de bicicletas será estimulado e apenas veículos movidos a eletricidade serão permitidos. 5 – Dez por cento de toda a área da cidade deve ser de campo aberto, onde todos poderão tocar a terra. Se isso não for espaço suficiente, podemos demolir os bancos e transformá-los em campos de flores e grama nativos. Um quarto do espaço livre será usado para cultivar verduras. 6- Será criado um policiamento especial para controlar o uso do telefone celular, com galões bordados com as palavras Polícia do Celular.

De minha parte, concordo quase na íntegra com o manifesto. Só discordo da execução sumária dos arquitetos. Alguns já estão livres da pena de morte. Acumularam em seus currículos boas ações suficientes para merecer o perdão.

O arquiteto Manoel Coelho, por exemplo, que partir da 19h30 de hoje recebe no Museu Oscar Niemeyer a retrospectiva de 45 anos de trabalho que o transformaram num dos ícones da revolução urbana de Curitiba. São mais de 800 projetos de arquitetura, mais de 500 logomarcas e 200 programas de identidade corporativa, visualizados através de gigantescos painéis fotográficos, desenhos, maquetes e vídeos. Além da megaexposição, com entrada franca, Coelho lança um livro com mais de 300 páginas mostrando por que podemos afirmar com muito orgulho:

– Vida longa ao arquiteto Manoel Coelho!