Sábado deu praia em Curitiba. Com um belíssimo sol outonal, o Passeio Público tinha tudo de bom: novos e velhos amigos reunidos, pedalinho e cachorro quente. Com uma ou duas vinas, a Vinada Cultural vendeu 14 mil sanduíches para um público que foi muito além das expectativas, fazendo do Passeio Público um verdadeiro parque de diversões dos velhos tempos.  

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Para voltar no tempo, só faltaram os fotógrafos lambe-lambe, com seus encantadores cenários portáteis e o Walt Disney dando pipoca para os macacos. Pode parecer um delírio saudosista, mas Walt Disney já esteve m Curitiba e, muito provavelmente, deve ter andado de pedalinhos no Passeio Público. E se não cruzou aquele portão que é a cópia do portão de entrada do Cemitério de Cães de Paris, deve ter passado em frente do Passeio, a caminho do Cassino Ahú.

Em 1941, Curitiba recebeu a inesperada visita do pai do Mickey. Pouco gente soube na época – e poucos ainda sabem -, pois não estava prevista a escala de Walt Disney no Paraná, no roteiro de sua viagem de São Paulo para Buenos Aires. Conta o bancário Paulo de Avelar em seu livro de memórias “Quando eu era do Banco do Brasil” (Editora Lítero-técnica, 1988) que o avião, ao sobrevoar os picos da Serra do Mar no final da tarde, teve um ligeira pane e, como o aeroporto Afonso Pena não existia ainda, desceu na base aérea do Bacacheri. “Naquele tempo não se realizavam voos noturnos – conta Avelar -, por isso o avião ficou aqui, para sair no dia seguinte pela manhã”. 

Foi assim que Walt Disney passou uma agradável noite em Curitiba. Ele e sua comitiva, da qual fazia parte a atriz e soprano Grace Moore, hospedaram-se no extinto Grande Hotel Moderno, na Rua XV de Novembro, então a sala de visitas da cidade. Depois de um rápido giro de carro pelo centro da cidade – passando pelo Passeio Público, por suposto – à noite foram ao Cassino Ahú se divertir, onde foram reconhecidos por várias pessoas. Paulo de Avelar, inclusive: “Pedimos autógrafos a Walt Disney e Grace Moore. Conservo até hoje essa lembrança da passagem do criador do Pato Donald por Curitiba”.

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Naqueles dias tristes da Segunda Guerra Mundial, ninguém viu o criador da Disneylândia andando de pedalinhos no Passeio Público. No entanto, 72 anos depois, neste sábado da Vinada Cultural eram tantas as pessoas jamais vistas no Passeio Público que até o espírito de Walt Disney devia estar comendo um cachorro quente (com uma ou duas vinas) na Ilha da Ilusão.