Vergonha nacional

Das criaturas de Deus mais maltratadas desse mundo, poucos tratam a dona Axonopus Afinis como merece. E muito menos ainda são os que a conhecem com esse nome. Na vitória do Brasil sobre a Argentina, em Manaus, muito se falou sobre sua família. Dona Axonopus ficou horrorizada. Só faltou chamarem todas as de sua espécie de vagabundas, para não dizer palavras de baixo calão.

Também conhecida como Grama Curitibana, a nossa Axonopus possui folhas largas, lisas e sem pelos, é de cor verde intensa. É chamada de Curitibana porque se desenvolve tanto no sol, como em locais semi sombreados, úmidos ou rochosos, ideal para climas quentes e frios, e cresce de forma acentuada no verão. É a mais utilizada em todo Brasil, tem boa resistência ao pisoteio, a pragas, doenças e geadas.

É uma vergonha nacional, o tratamento que recebem as nossas gramas. Achincalhada pelas péssimas condições do campo onde o Brasil venceu a Argentina por dois a zero, fomos entrevistar a Grama Curitibana na Arena da Baixada.

Pergunta: Em Belém, o pior em campo foi a Grama.

Dona Grama: Nada poderia ser pior que o areião do Mangueirão. É uma vergonha para a CBF, mais preocupada com os seus acertos políticos.

Pergunta: Aqui na Arena da Baixada a senhora também sido responsabilizada pelo vexame do Atlético.

Dona Grama: É um absurdo, porque parece que as finanças do Malucelli vão muito bem, obrigado, mas não sobra um tostão para o gramado. Dizem que o Renato Gaúcho foi embora do Atlético por minha causa. Só não dizem que ele saiu com uma fortuna no bolso e, enquanto isso, preciso sobreviver com as misérias que sobram.

Pergunta: A família Gramínea não pensa em protestar?

Resposta: As gramíneas de São Paulo estão pensando em fazer o Neymar quebrar uma perna para mostrar ao mundo as nossas reais condições de trabalho. A maioria é contra, apesar das contusões que acontecem contra a nossa vontade.

Pergunta: O que mais a prejudica em campo?

Resposta: O pior de tudo é quando sou obrigada a engolir aquela areia pintada de verde para enganar a torcida. Nada é mais humilhante!