Velórios das Gerais

Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, passou o fim de semana excepcionalmente ensolarado na varanda de casa. Tendo como paisagem essa aquarela dos Campos Gerais, Jaguara não tirou os olhos do livro “Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais e outras Histórias”, da mineira Déa Rodrigues da Cunha Rocha. É uma coletânea de receitas próprias de guardamentos, acompanhadas de causos reais acontecidos nos velórios do interior de Minas Gerais.

Do livro de humor e comilanças, nos velórios das Gerais acontecem histórias como a do “seo” Epaminondas que, não se sabe quando, resolveu frequentar todos os velórios na vila e arredores. Morreu alguém, lá estava ele nos primeiros e tristes momentos, ajudando a família desorientada. Tomava providências, tinha sempre uma palavra boa sobre o morto.

Estimado por todos, “seo” Epaminondas era especialmente apreciador do café e quitandas (biscoitos, broas e demais quitutes) servidos na volta da noite durante o velório.

Certa vez, velando um quase desconhecido, esperava em vão pelo café. E nada. O tempo passava. A viúva só pensava em chorar. Já havia derramado um ribeirão de lágrimas e nada do café.

Então, ele não teve dúvidas. Chegou aos amigos e disse:

– Vamos fazer uma vaquinha? Cada um dá um pouco que eu vou mandar buscar umas quitandas, caldo de feijão e pinguinha. Defunto a seco não dá e ainda está bem frio hoje.

Começaram a pegar os trocados e foi aí que a viúva percebeu o que estava acontecendo. Aproximou-se solícita:

– “Seo” Epaminondas, eu também quero colaborar com algum dinheiro, por favor.

A resposta veio rápida:

– Não, minha senhora. Não carece. A senhora já contribuiu com o defunto. É bastante. O resto é com “nóis”.