O animador de velórios dos Campos Gerais veio passar uma temporada em Curitiba. Fica até o dia 4 de outubro, quando retorna a União da Vitória para votar no dia seguinte. Jaguara, esse é o nome do showman, foi chamado à capital com a missão de animar a campanha eleitoral, que está mais desanimada que encontro de brasileiros no aeroporto de Pequim.
Antes de chegar a Curitiba, o animador de velórios dos Campos Gerais foi acertar a venda de uma égua em Araucária. No jornal local lhe chamou atenção uma notícia com seguinte título: “Candidata dá um tapa na macaca”. Desceu os olhos no texto e lá dizia que a candidata Rosane Ferreira (PV) havia feito uma advertência que deixou os eleitores impressionados. Depois de alertar aos araucarianos que só o Partido Verde pode fazer chover, a candidata declarou o seguinte:
– Sem nunca esquecer que o homem com fome vai comer o último mico-leão-dourado assado na brasa do último pinheiro araucária!
Depois dessa, o animador de velórios dos Campos Gerais ligou a televisão do hotel no programa eleitoral: quem sabe, pensou o Jaguara, a simpática Rosane Ferreira não teria também a receita de um pieroge vegetariano?
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Como já lhe haviam detalhado, de fato a campanha eleitoral em Curitiba está precisando de um animador de velórios. E não foi preciso muito para confirmar o relatório que havia recebido com antecedência. Bastou uma rápida bordejada pela Praça Osório para concluir: “Esta eleição para prefeito está mais chata que gilete caída em chão de banheiro”.
Pago pelos contratantes, o animador de velórios dos Campos Gerais se hospedou no Hotel Braz, aquele onde Getúlio Vargas fez histórico discurso da sacada e, hoje, é a “mesa de pista” da Boca Maldita, palco dos espetáculos bufos produzidos aos sábados pelo dramaturgo e performático Doático Santos.
Jaguara acomodou as tralhas e ficou de olho da Rede Globo, com a esperança de ver Galvão Bueno, para nossa sorte, também cair de bunda em Pequim. Viu a Maurren Maggi comemorar a medalha de ouro no salto em distância e logo em seguida entrou o horário político: passou Ricardo Gomyde, passou Bruno Meirinho, passou Beto Richa, passou Carlos Moreira, e bastou para o Jaguara concluir novamente: “Isso está mais chato que chinelo de gordo”.
“Como uma exceção”, anotou num bloquinho de notas: “Lauro Rodrigues (PTdoB) leva jeito pra coisa, me parece o mais animado. Já a candidata Gleisi é ajeitadinha, mas dizer que Curitiba tem uma paisagem privilegiada é enxergar demais da conta. Que eu saiba, essa cidade só tem três paisagens: a Estação Tubo, a Ópera de Arame e o Jardim Botânico”.
Desligou a televisão, passou um desodorante e, depois de ajeitar o bigodão olhando a Rua das Flores pela janela, desceu para fazer uma oitiva no Bar Getúlio, do próprio hotel. Não foi preciso mais do que três talagaços de stainheguer para o animador de velórios dos Campos Gerais se enturmar com os habituês do Bar Getúlio.
Conversa vai, conversa vem, o Jaguara deu pano pra manga e perguntou para um sujeito que estava tomando “Licor de Ovo” em quem iria votar.
– Roberto Requião prefeito, Carlos Moreira vice!
Pois é, em Curitiba o “Licor de Ovo” ainda tem fiéis admiradores.
A um outro sujeito do balcão, que bebia uísque com guaraná, o Jaguara fez a mesma pergunta, e ouviu a resposta que esperava:
– Que eleição pra prefeito? Meu amigo, isso aqui está mais desanimado que velório de congregado da Opus Dei.
O animador de velórios assinou a conta e saiu pensando lá com os seus botões da camisa xadrez: “Vou ter muito trabalho pela frente”. No que botou o pé no calçadão, atendeu ao celular.
– É o animador de velórios?
– Pois sim, está falando com o baita!
Era o empresário do Jaguara em Curitiba.
– Você precisa comparecer com emergência ao Palácio das Araucárias! A choradeira é grande, estão velando os nepotes!
– Alguma recomendação?
– Nenhuma. O governador adora fazer gracinhas em velórios!