Vamos a bailar

Nunca na história deste país a frase do Stanislaw Ponte Preta foi tão bem posta: “Uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão”. Nunca antes na história deste país (diria o Lula), tantos brasileiros passaram o sábado com uma baita dor de barriga, depois das medalhas de prata que os mexicanos nos fizeram engolir.

Levado para o hospital mais próximo com um pé de porco ainda atravessado na garganta, um desesperado foi diagnosticado com o “Mal de Montezuma” (La enfermedad terrible, de orígen viral, bacteriana, contagiosa, crónica, ultradebilitante y potencialmente letal para cualquier ser humano de orígen no mexicana).

– É desarranjo, doutor?

– Na defesa e no ataque!

Agora que começa a contagem regressiva para a próxima Olimpíada, tempos tempo suficiente para reconsiderar nossas modalidades olímpicas. Com exceção das meninas do vôlei e do herói da argola (“Fomos mal na vara, mas levamos na argola”, segundo o Dartagnan), a maioria dos nossos atletas deveria ser encaminhada para certos esportes onde teriam mais chances de medalha de ouro: jogo do palito, jogo da velha, bafo, amarelinha, bolinha de gude, truco, caxeta, porrinha, dominó e outros passatempos do mesmo naipe. Ou então vamos pioneiramente instituir em 2016 um concurso de dança de salão, modalidade em que o técnico Faustão nos vem treinando nas domingueiras da “Dança dos famosos”.

“A Noite dos Desesperados” , com Jane Fonda e Michael Sarrazim, direção de Sydney Lumet, é um belo filme que mostra uma extenuante maratona de dança, cujos participantes concorrem a um prêmio de 1,5 mil dólares. E passa nos Estados Unidos na época de crise e depressão que se seguiu à queda da Bolsa de Nova York, em 1929, quando o desemprego fazia proliferar concursos de danças de salão que atraíam milhares de esfomeados. O título original do filme é “They Shoot Horses, Don’t They?” (Eles matam cavalos, não matam?), numa referência ao sacrifício do animal ferido para que ele não sofra mais. Em inglês é uma metáfora que nos leva à conclusão que a vida daqueles deserdados, vencidos pelo cansaço e pela dor da maratona, não vale mais que a vida de um animal ferido.

Guardadas as devidas distâncias – e só para efeito de analogia -, numa maratona de dança, com brasileiro não há quem possa. Na noite de abertura das Olímpiadas de 2016 vamos a bailar. De tanto dançar, dancemos pois!