O pleno exercício da cidadania requer, além dos direitos e deveres, a consciência de que os governos passam, mas a história nos cabe fazer e contar.
Na bela e história cidade de Girona, vizinha a Barcelona e com o maior PIB da Espanha, acaba de falecer uma senhora que há sessenta anos vinha escrevendo uma história de generosidade, solidariedade e persistência. Apaixonada por flores, Maria Cobarsi criou em 1954 um projeto que a cada início de primavera traz turistas de todo o mundo para a cidade: “Girona, Tempo de Flores”.
De uma pequena exposição sem ajuda do governo local, de ano em ano sua dedicação e estima pela cidade e pelas flores arrebanhou de maneira desinteressada centenas de voluntários e voluntárias para a ideia de fazer de Girona, no mês de maio, uma imensa floricultura. Um jardim onde a boa vontade de cada cidadão pudesse florescer. E floresceu.
Tal como Mara Cobarsi deixou escrito, “um notável empreendimento, cuja única rentabilidade foi a satisfação de ver uma festa bem feita, reconhecida e adotada por todos os seus cidadãos”. Esse reconhecimento se vê em todas as lojas, restaurantes, hotéis, igrejas, museus e pátios, onde a unânime adoção ao projeto de Maria Cobarsi, além de valorizar com arranjos florais o patrimônio histórico desta cidade com origens na ocupação romana, vem ajudando a isolar Girona da crise que aflige a Espanha.
“Girona, Tempo de Flores”, é uma carta de apresentação de Girona ao mundo. Considerando-se ainda as cores e os temperos da boa mesa de seus restaurantes, a carta é perfumadíssima.