Dom Rossé Cavaca (José Martins de Araújo Júnior) era jornalista, ator, produtor e ator de TV, além de humorista, poeta e boêmio. Morreu em 1965, quando voltava da redação do jornal carioca Tribuna da Imprensa, num estúpido acidente de lambreta e não ganhou sequer um minuto de silêncio no Maracanã. Mas seria merecido. Tanto quanto estamos merecendo.

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São tantas as mazelas e misérias no dia-a-dia que os brasileiros estão precisando de um minuto para refletir sobre a indagação do humorista Don Rossé Cavaca: “Que foi que você sentiu quando soube que havia nascido no Brasil?”. Um minuto apenas para respirar e aliviar o estômago. “Que corrupção é esta que a gente morre sem conseguir atingi-la?”. De minuto a minuto, a onda de lama bate na cara de alguém. Com um minuto de silêncio, talvez, quem sabe, tenhamos a resposta para tanta estupidez que grassa sem graça e que tantas perdas irreparáveis está nos causando.

O filósofo Cavaca também era inventor e construtor de coisas: construiu um automóvel no quintal de sua casa e a alavanca de marchas era uma maçaneta de porta. Mas o melhor de sua imaginação vinha com as palavras.

– A Bíblia conta à sua maneira que Adão também comia maçãs em outra macieira.

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– Chinelo em baixo da cama conforto é. Mas cadê o outro pé?

– Na situação em que me encontro, se puserem um revólver na minha frente eu o vendo imediatamente.

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– É tanta polícia que a gente fica sem a mínima garantia.

– Flagrei minha mulher me pegando em flagrante.

– Bebeu veneno e o legista descobriu que era uma solução.

– Acredito na sua honestidade, mas a quadrilha já está formada!

Um minuto a mais, um minuto a menos, não nos fará falta. Um minuto de silêncio, incluindo aí o pedido de Dom Rossé Cavaca: “Agora gostaria que as senhoras fizessem silêncio, mas todas ao mesmo tempo!”. Senhoras e senhores, no meio desse show que não pode parar, um minuto de silêncio em memória de Dom Rossé Cavaca e vamos parar para refletir: “Que foi que você sentiu quando soube que havia nascido no Brasil?”.