Segundo Celso Nascimento, colunista político da Gazeta do Povo, “o anúncio da prefeitura de que o metrô deixado por Ducci, por seus defeitos, é irrealizável, seguido, ao mesmo tempo, da busca de empresas para elaborar novo projeto, mais se pareceu com uma preparação da opinião pública para o `choque´ que receberá em breve diante de duas notícias penosas: a morte do metrô e a perda do R$ 1 bilhão prometido por Dilma para sua construção”.

continua após a publicidade

O metrô foi pras calendas, preconiza Celso Nascimento E se sair um novo projeto, a linha do metrô será do tamanho do bolso da prefeitura: vai ligar calendas a alhures, passando pela tonga da mironga do kabuletê.

Enquanto isso, adianta Celso Nascimento, “o Ippuc e técnicos independentes trabalham em alternativas de transporte mais condizentes com a realidade e as necessidades urbanas”. O que isso quer dizer exatamente ninguém sabe, mas presume-se que pode ser qualquer coisa que ande nos trilhos. Um bonde por exemplo.

“Um Bonde Chamado Desejo” é o nome da peça do dramaturgo Tennessee Williams (1911-1983). Tornou-se um clássico entre os clássicos do teatro americano e foi um sucesso no cinema, em 1951, sob a direção de Elia Kazan. Conta a história da decadente Blanche Dubois (Vivian Leigh) que se refugia com a irmã Stella para fugir do passado e cai nos braços (Oh,destino cruel!) do cunhado Kowalski, interpretado por um tal de Marlon Brando. O drama começa com a Blanche chegando para visitar a irmã e o cunhado, mas para isso ela precisa pegar o bonde chamado Desejo (“Desire”, uma rua de New Orleans).

continua após a publicidade

Infelizmente em Curitiba não temos uma rua chamada Desejo. Mas isso não seria impeditivo para a prefeitura criar uma linha de bonde com o nome de Desejo: bastaria deitar os trilhos entre o Graciosa Country Club e o Clube Curitibano, por exemplo, sem dúvida o itinerário mais desejado da classe média.

Como o metrô curitibano, pelo visto, vai ficar só no desejo, certo está o prefeito Gustavo Fruet ao procurar outras alternativas. Uma delas seria incentivar a população a andar a pé, a nossa maior especialidade.

continua após a publicidade

Segundo pesquisa realizada em 2009 pelo British Council (Conselho Britânico), somos a capital dos ligeirinhos: ônibus ligeirinhos, pedestres ligeirinhos. Entre 32 cidades pesquisadas no mundo, Curitiba ficou com um honroso 6º lugar: 11,3 segundo para percorrer uma distância de 60 pés, ou18,28 metros paranaenses. Ganhamos dos alemães, norte-americanos, holandeses, vienenses, poloneses e, vejam só, até dos lépidos pedestres ingleses de Abbey Road.