Um abraço para o gaiteiro

Hoje, antes de almoçar em Santa Felicidade, Curitiba tem encontro com Belarmino & Gabriela, justamente título do livro que Ivan Graciano, filho do casal mais querido do Paraná, vai lançar no Conservatório de Música Popular Brasileira. Das 10h às 14h, na Rua Mateus Leme, 66, esquina com Treze de Maio.

Depois do autógrafo de Ivan Graciano e levar para casa a vida passada a limpo de Belarmino & Gabriela, no almoço de Santa Felicidade não esqueça de contar esta do Belarmino:

– Lá em casa nóis dois tomamos vinho no sistema italiano: eu e Gabriela tomamos vinho com água. Ela bebe a água!

O livro de Ivan Graciano foi feito para matar saudades da dupla, com estes diálogos especialmente colhidos:

– Belarmino, vamo proziá um cadinho.
– Gabriela, minha nega. Hoje de manhãzinha, ainda no meio da cerração, eu vi com esses zóios que a terra há de comer!
– O que é que mecê viu, abençoado?
– Eu vi um homem do chapéu pra baixo, montado num cavalo das patas pra cima, do rabo pra frente e da cabeça pra traz.
– Credo incruiz, Ave Maria, Deus que atáie eu dessas coisa. E mecê não morreu de susto?
– Não. Eu sou um caboclo valente! Mecê que é medrosa e já tá vendo visage.
– Mas mecê falou numa visão que eu já estou estrumbicando de medo.
– Por que minha nega? Olhe bem. Eu disse que vi um homem do chapéu pra baixo.
– Pois é! E ainda por cima montado num cavalo das para pra riba? Meus anjos que me acudam!
– Carma Gabriela! Eu vi um homem do chapéu pra pra baixo porque do chapéu pra cima num tem ninguém. Montado num cavalo das pata pra cima, porque das pata pra baixo só tem chão.
– Mas mercê disse que era um cavalo do rabo pra frente e da cabeça pra traz? Me sarve São benedito!
– Mas é lógico minha nega, pare de de tremêe se benzê. O cavalo é do rabo pra frente porque, do rabo pra traz, acabou o cavalo.
– Mas o cavalonão era da cabeça pra traz?
– Claro que era. O cavalo é da cabeça pra traz. O cavalo começa na cabeça e termina no rabo.
– É mesmo, rapais! E eu arvorocei todos os meus santos à toa e quase tive um piripaque!

***

Belarmino, mecê sabe me arrespondê quando é que a mulher vira peixe?

– Mas é claro! A mulher vira um lindo peixe quando ela está na praia, furando as ondas do mar.
– Não! Não é não!
– Então é quendo ela está de biquíni na beira da piscina. Os homens passam e dizem: Oh! Que peixão!
– Não! Também não é!
Belarmino fica brabo e pergunta:
– Então me diga, quando é que mulher vira peixe?
Gabriela responde bem calma:
– É quando ela vir o peixe. Ela vira pra não queimar!
Gabriela pergunta outra vez:
– Mecê sabe o que é que faz um homem virar a cabeça?
– Claro que sei! É a mardita da bebida!
– Não, também não é!
– Intão é muié!
– Não! Não é!
Aí o Belarmino, nervoso, pergunta:
– Intão o que é que faz virar a cabeça do homem?
E Gabriela pergunta bem calma:
– É o pescoço!
Então Belarmino, irritado, pergunta:
– Gabriela, mecê sabe qual é o cúmulo do azar?
Ela, balançando a cabeça, diz que não. Ele, meio cansado, fala sério:
– É um homem que não toma remédio e se casa com uma muié xarope que nem você!
Gabriela retruca, imediatamente:
– Pra mim o cúmulo do azar é uma muié não gostar de fruta e casar com banana iguar mecê!

Belarmino: Eu hoje não tô bão Gabriela. Eu não tô meio pálido?
Gabriela: Está sim, o que foi que aconteceu?
Belarmino: Pois eu quase tive uma congestão esta noite. Eu fui incunvidado pruma janta e me deram carne de cavalo pra mim cumê e me fez mar danado quando eu fui dormir o cavalo me coiceô a barriga a noite inteira e de vez em quando o marvado rinchava, mas depois da minha cabeça memo eu inventei de fazê um chá de chifre, tomei e sarei!
Gabriela: Pois mecê até que teve uma ideia boa!
Belarmino: Mais agora eu já tô bão pra cantá.
Gabriela: Intão repinica a viola aí…