Domingo passado foi realizada a convenção dos tucanos e, três dias depois, ainda é só do que se fala no Jardim Zoológico. Foi um sucesso de público, como só acontece com a situação, mas nem tanto por parte da crítica especializada.

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Na contagem do tucano-de-bico-roxo Valdir Rossoni, chefe de portaria, passaram pelo hotel de cinco estrelas bichos de todas as espécies. Inclusive os amigos da onça. Nem todos convidados, foram dar um abraço no gaiteiro as zebras, hienas, piranhas, rinocerontes e até um desavergonhado bicho-preguiça veio pedir uma boquinha no governo. Sem contar as espécies em extinção, representadas pelo veado-campeiro, que falou em nome das minorias.

Aplaudida pela macacada, a entrada triunfal de Beto Richa, o tucano de maior bico e plumagem da floresta subtropical, foi precedida pelos gorilas e leões de chácara que afastavam os gabirus do caminho. Sob os olhares dos gaviões, o governador chegou mostrando aos presentes sua carteira de motorista ainda não vencida, e foi avisando: “Não sou chegado na água que o passarinho não bebe!”.

Cercado pelas aves agourentas da imprensa, um urubu perguntou à queima-roupa se ali seria anunciado o candidadato bicudo à Prefeitura de Curitiba. Inesperadamente a vaca começou a tossir.

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– Nem que que vaca tussa, respondeu Beto Richa.

– Qual será o pulo do gato? – insistiu uma coruja agourenta.

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–  Gato não entra no meu governo! – respondeu Beto Richa, no que foi interpelado pelo corvo:

– No PSDB não tem muito gato passando por lebre?

– Com todo o respeito aos insetos aqui presentes, só tenho a dizer que não sou nenhuma barata tonta.

– Mas tem muita gente com a pulga atrás da orelha. Principalmente o Requião, que não para de se coçar. 

– Ele gosta de sarna para se coçar. Não tenho a mão da vaca, mas podem ter certeza que não será ele que vai me forçar a pagar o mico.

Depois que o passarinho bateu asas chamando todos para as devidas fotografias do histórico evento (Olha o Passarinho! – gritavam todos), o que mais chamou a atenção foram as lágrimas do crocodilo. Principalmente quando o tamanduá começou a distribuir abraços, o crocodilo se debulhou em lágrimas. O jacaré, que entre os tucanos nada de costas, chamou a anta num canto para explicar que a mastigação do bicho comprime suas glândulas lacrimais e isso é que o faz chorar.

Encerrados os discursos que fizeram os bois dormirem, o que mais causou espanto foi quando o mestre de cerimônias chamou a atenção da bicharada para um aviso de utilidade pública:

– Atenção Gustavo Fruet, proprietário do petiço amarrado na frente do hotel: por favor, queira tirar o seu cavalinho da chuva!

Depois desse banho de água fria, começou uma briga de cachorro grande. A vaca ameaçou ir pro brejo, o gato comeu a língua e cada macaco foi para o seu galho.