Já não sei o que me faz mal para a autoestima. Provar calça nova na loja de roupas – o que é uma tortura para o ego -, ou acompanhar a debacle econômica, política e ética desse país abençoado por Deus e bonito por natureza.

continua após a publicidade

Sempre que você estiver assim, meio jururu, meio desacorçoado, é batata! Passe a mão num livro de crônicas de Stanislaw Ponte Preta e, num já, você sai por aí na maior alegria. E se mesmo assim o estimado não conseguir fazer as pazes com a vida, basta assobiar o “Samba do crioulo doido”, o verdadeiro hino nacional brasileiro de autoria de Sérgio Porto, ou Stanislaw Ponte Preta.

A história original a seguir (“Vamos acabar com essa folga”), ligeiramente adaptada, é do Lalau (Stanislaw), e serve para os nossos patriotas de fancaria. O negócio aconteceu num carnaval, num boteco de praia onde estavam sambando italianos, alemães, ingleses, espanhóis, portugueses, holandeses, africanos, todos fantasiados de diabo. De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não havia homem para ele aí dentro. Motivado pela provocação, um italiano tão forte quanto o alemão levantou-se e perguntou:

– Isso é comigo? Aí então o italiano avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro para ele. Queimou-se então um português que era maior ainda do que o italiano. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.

continua após a publicidade

O alemão limpou as mãos, deu mais gole de chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele botequim. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois um holandês, depois um africano etc, etc.

Até que, lá no canto do botequim levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:
– Isso é comigo?

continua após a publicidade

O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e… pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.
Como, minha senhora? Qual o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem esta mania de pisar macio e pensar que são mais malandros que os outros.

**********

Como sempre, o Lalau está coberto de razão. Ainda mais agora, quando os brasileiros estão assistindo o maior assalto aos cofres da nação. E ainda há quem defenda os corruptos, achando que certos malfeitos são para o bem.