Sejam quais forem os países sorteados para jogar em Curitiba, desde já escolhi um time para torcer nessa Copa do Mundo: a Argélia. Maior país na costa do Mediterrâneo e o mais extenso da África, dividido entre os que falam francês e berbere, temos laços de parentesco com os argelinos por parte de bairro.

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Chamava-se Colônia Argelina uma grande parte do que é hoje o bairro do Bacacheri, espraiando-se pela Boa Vista. Foi o primeiro núcleo colonial da série surgida a partir de 1870, obedecendo ao plano do presidente da Província Adolpho Lamenha Lins, baseado no estabelecimento de colônias agrícolas na periferia das cidades, para aproximar a produção do mercado consumidor – nos ensina o livro “Os franceses no Paraná”, de Maria Thereza Brito de Lacerda e Maí Nascimento Mendonça, esta que por felicidade é minha mulher e autoriza a transcrever o trecho que conta dos argelinos:

“O nome da colônia, Argelina, se deve ao fato de lhe darem vida 117 imigrantes, dos quais a maior parte, 39, era de franceses da Argélia (ou os pieds noirs, pés negros). Havia 36 alemães, 24 suíços, 10 suecos e oito ingleses, tendo vindo posteriormente cinco escoceses. Sua posição geográfica era privilegiada, nas duas margens da Estrada da Graciosa e a quatro quilômetros de distância de Curitiba. Isso, embora o solo não fosse exatamente fértil. Historicamente pouco afeitos à agricultura de subsistência, os franceses desde logo começaram a se dedicar ao comércio, intermediando a venda da produção dos demais colonos da Argelina para Curitiba. Pela pobreza do solo, alguns dos colonos dedicados à agricultura foram abandonando o local, deixando o rastro de grandes dívidas. A Colônia Argelina se desenvolveu até 1887, em função da Estrada da Graciosa – que teve seu tráfego substancialmente diminuído com a entrada em operação da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba”.
Segundo o censo do IBGE de 2010, agora seriam 21 os argelinos morando em Curitiba. Dois times de futebol, contando comigo. Pois sou da Colônia Argelina desde criancinha.

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