Em São Paulo, Marta Suplicy está voando mais baixo que marreca choca ao insinuar que Gilberto Kassab não seria macho suficiente para ter filhos. No Rio de Janeiro, os machões de terno e gravata dizem que Gabeira é fresco demais. Enquanto isso, os gaúchos tradicionalistas estão assustados com a influência gay nas danças dos CTGs.

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O assunto deixou o gaudério mais nervoso que potro com mosca no ouvido. Está se multiplicando nos meios gauchescos, mais que fofoca em boca de comadre, um artigo de um missioneiro denunciando o “avanço assustador do homossexualismo” nos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs).

O sururu tomou corpo e ficou mais grosso que papel de embrulhar prego depois de sair no jornal Zero Hora: o manifesto do tradicionalista Ademir Canabarro é polêmica em estado puro com as ONGs que defendem os direitos dos homossexuais. O autor, um comerciante gaúcho radicado em Santa Catarina, diz que o galpão gaúcho está sendo descaracterizado: “Tempos atrás, um CTG de Brasília sediou um baile gay. O patrão argumentou, depois, que alugou o prédio sem saber. Ora, aquilo é lugar para tradição gaúcha, não para cultura homossexual”.

Mais angustiado que barata de barriga pra cima, segue o lamento de Canabarro:

Os peões “delicados”

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O avanço do homossexualismo no mundo atinge todas as camadas sociais e todas as culturas, é um avanço assustador! Os programas televisivos, e principalmente as novelas, nos bombardeiam com histórias com homossexuais diariamente, querem nos fazer acreditar que isto de homem acasalar com homem, e mulher com mulher, é normal e natural. Não acho que seja! Homem acasala com mulher e mulher acasala com homem! Da mesma maneira que cavalo cobre égua e não cavalo, e égua não cobre égua. Égua é coberta pelo cavalo! Isto sim, é natural!

Preferências à parte, a liberdade da escolha sexual é uma realidade que também invadiu o tradicionalismo. Não adianta fecharmos o “zoio”. Apenas esperamos que o respeito e a postura sejam mantidos. Ao menos dentro dos CTGs e eventos tradicionalistas.

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Mas já estamos enfrentando um problema nas nossas Invernadas Artísticas, nos quesitos interpretação e gestos, e todos sabem que a interpretação soma muitos pontos no principal palco das danças tradicionais. As nossas danças tradicionais foram criadas para os peões galantearem as prendas, portanto, para Homens e Mulheres. No entanto, vemos que muitos peões com outra preferência sexual fazem parte das Invernadas Artísticas de grandes CTGs. Até aqui, tudo bem! Se não fossem os exageros gestuais e feminilidade que “aflora” na interpretação durante certos passos das nossas danças tradicionais. Os “peões” mais delicados, por assim dizer, não devem se esquecer que neste momento estão interpretando um homem heterossexual que gosta e prefere mulher! Que com sua dança quer galantear a prenda. Mas vejo em muitas invernadas gestos de peões que, na verdade, disputam com a prenda doçura e meiguice, a tal ponto que, a grosso modo, vê-se duas prendas dançando. Uma travestida de homem! Não preciso dizer que isso, numa avaliação, transforma-se em perda de preciosos pontos!

E quem poderia garantir que este não é o principal motivo de algumas invernadas que treinaram arduamente durante o ano todo não conseguirem a tão sonhada classificação? Não acho que os homossexuais devam ser proibidos de participar nas danças tradicionais gaúchas, afinal, a liberdade sexual de cada um deve ser respeitada! Mas não devemos nos esquecer que as danças tradicionais gaúchas são para peões e prendas! Espera-se que instrutores e patrões fiquem atentos para auxiliarem estes peões, para que os gestos não fiquem femininos demais e com isto prejudiquem o desenvolvimento das nossas Danças Tradicionais. Afinal, nas danças gaúchas, feminina só as prendas! (Ademir Canabarro, um missioneiro).