Sul é o meu país

A propósito da coluna intitulada “Samba do gaudério doido”, recebi de Celso Deucher, presidente do “Movimento O Sul é o Meu País”, a seguinte manifestação:

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Caro Dante, não sei se o amigo lembra de mim, mas sou aquele jornalista que inventou de escrever sobre poloneses na região de Brusque (SC), lançando um livro sobre o assunto em 2008. Na oportunidade, fiz contato contigo sobre o teu livro a “Banda Polaca”, com o qual consegui arrumar algumas encrencas por aqui sobre a forma com que teu livro se referia aos imigrantes aí de Curitiba. Eu gostei e recomendei aos mais jovens.

Como seu admirador aqui das “plagas” de Brusque (vizinha de Nova Trento, teu “pago”), não pude deixar de ao mesmo tempo rir e ficar com uma pontinha de indignação com os teus comentários sobre o Movimento O Sul é o Meu País, pois sou atualmente o presidente da instituição e, claro, tenho que defendê-la.

De certa forma, algumas pessoas nos tratam como cretinos em relação ao Brasil, mas creio que bem sabes que nossa existência tem razão de ser. As gozações e sacanagens (do tipo que somos racistas, gays, nazistas, comunistas etc.) nos deixam indignados e só podemos entender tais acusações como um subterfúgio para fugir ao verdadeiro debate que é o funcionamento do Estado brasileiro. Essa monstruosidade estatal é a verdadeira inimiga, tanto de sulistas como de nortistas, nordestinos, ou seja lá quem for dentro da América Portuguesa. Portanto, nossa “loucura” tem motivos e eles não são poucos, mas os coleguinhas de imprensa têm que procurar olhar além das aparências repassadas pelo eixo Rio/Sampa, senão ficamos com a mesma distorcida visão e caímos no ridículo, por repetir como papagaios uma “verdade” que não existe.

Tentando levar a sério a tua brincadeira na coluna, bem antes dos fatos que revelas terem acontecido aí em Curitiba, nós, lá na cidade de Laguna, já trabalhávamos com este nome, pois ele nasceu em 1986 durante debates que promovemos na Unisul de Tubarão (SC).

Em vista de minha admiração pelo teu trabalho, e de ser “quase” teu conterrâneo, escrevi para desencargo de consciência e por acreditar que não és assim tão inimigo da ideia. Aliás, foi em um dos teus escritos que descobri que o Paulo Leminski era separatista.

Entonces, amigo, se por acaso vieres pra estas bandas, não esqueças de ao menos me dar um alô para tomarmos um “chopps” e, quem sabe, trocarmos umas ideias sobre o Movimento O Sul é o Meu País, sem a pretensão de doutrinação, mas de fraternal busca de conhecimento (de ambas as partes) do que é e o que queremos para este nosso pedaço de território, grudado na marra ao restante do País.

Abração, Celso Deucher