A brava reação de Daniel Alves perante a provocação racista, ao pegar uma banana e comer, levanta uma questão bíblica bem pouco discutida. Afinal, a fruta proibida de Adão e Eva era uma maçã ou uma banana? Segundo o escritor Alexandre Dumas, no seu Grande Dicionário de Culinária, a história pode ser outra: “Originária das Índias orientais e ocidentais, no Oriente a banana é apontada como o fruto proibido mordido por nossa ancestral Eva”.

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Revisando a história, frutas alimentaram guerras e a descoberta de outros paraísos. Conforme consulta ao livro “Os Caçadores de Frutas”, de Adam Leith Gollner, um cavalo pode ter terminado a Guerra de Troia, mas esta começou quando Páris deu a Afrodite o pomo da discórdia. A terceira guerra púnica desencadeou-se quando Catão ergueu um figo fresco e maduro e disse: “Saibam que isso foi colhido dois dias atrás em Cartago; essa é a distância do inimigo até os nossos muros”. O fruto causador de dependência da planta da papoula esteve no coração das guerras do ópio entre a Grã-Bretanha e a China.

Buda alcançou a iluminação embaixo de uma figueira; na terra prometida egípcia as árvores são carregadas de figos, uvas e muitas outras frutas; os nômades da África acreditam que o céu está cheio de frutos do tamanho de uma árvore; os indianos dizem que sem manga o céu de um hindu é inconcebível; na doutrina judaica, quando você entra no Paraíso recebe oito frutos de murta e uma ovação em pé; Maomé disse, em relação aos que entram no paraíso, que para eles não existe outra dieta a não ser as frutas de todas as espécies; e o próprio termo Paraíso deriva da linguagem persa: “Pairidaeza”, um jardim de prazeres irrigado, cheio de árvores frutíferas.

Sabendo-se que o nome científico das bananas, em latim, é “Musa paradisiaca”, ou “frutas do paraíso”, por que Eva teria escolhido justamente maçã – uma fruta de belo design e cativante perfume, mas um tanto sem gosto – quando se sabe que Adão, ao atender o seu instinto genético mais básico, mandou uma banana para aquela vida sem graça do Paraíso?

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Somos todos primatas, principalmente quando se trata de um belo cacho de banana. Em solidariedade a Daniel Alves, precisamos questionar a Bíblia no livro da Gênese: maçã ou banana, o que Eva mordeu primeiro?

É como já dizia a Chiquita Bacana, lá da Martinica: existencialista com toda razão, ao fazer o que mandava o seu coração, Eva se perdeu por uma banana nanica.

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