Para abrir os trabalhos de prefeito, o prefeito Gustavo Fruet inaugurou uma pequena grande obra para demonstrar na prática que o menos é mais. A Tuboteca, estantes de livros à disposição dos passageiros das estações tubos do transporte urbano de Curitiba, é o que se pode considerar de uma gentileza urbana. Gentileza de quem doa o livro aos usuários, gentileza de quem o devolve em qualquer outra Tuboteca da cidade.

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Há muito tempo venho insistindo que Curitiba precisaria também de guarda-chuvas de uso público. Com o sistema parecido com a Tuboteca, as Sombinhotecas seriam uma forma de socorrer os desprevenidos que, de repente, se vêem em meio a um aguaceiro no olho da rua. O leva e traz, a princípio, seria instalado no centro da cidade, onde a demanda é maior. Assim que do céu chovesse canivete, o cidadão apanharia um guarda-chuva sob a marquise mais próxima e o devolveria logo adiante, no caso de uma chuva de verão, ou na semana seguinte, caso a garoa perdure dias e dias, como acontece normalmente em Curitiba.Com cor de laranja para identificar a origem, o guarda-chuva público não correria o risco de não ser devolvido: seria quase o mesmo que o larápio esconder um táxi roubado na garagem de casa.

Um modelo de guarda-chuva feito na medida para a Sombrinhoteca acaba de ser inventado na Itália, com o nome de Ginkgo. Leve e 100% reciclável, a sombrinha em polipropileno foi a vencedora da edição italiana do concurso internacional James Dyson Award 2012. Seu criador, Gianluca Savalli, aluno do Politécnico de Milão, partiu da análise dos pontos fracos dos guarda-chuvas comuns: pouca resistência e flexibilidade, bem como a montagem complicada (120 partes, entre metal e plástico não reciclável). Ginkgo, ao contrário, é produzido com um plástico leve, mas quase indestrutível. E, assim como no Brasil, na Europa também vai custar “dez real”. Ou “dez euro”. Em se tratando de novas tecnologias, tenho por mim que o médico alemão Alois Alzheimer foi quem descobriu o “vírus do esquecimento” ao fazer a autópsia no cérebro do camarada que inventou o guarda-chuva. Se não me falha a memória, a história é a seguinte: depois de muitos e muitos anos de pesquisa, certo dia o artesão chegou à forma e ao mecanismo do guarda-chuva ideal. A mesma traquitana de hoje, preta e impermeável. Eufórico com o invento, o inventor foi na casa do vizinho mostrar a novidade que iria mudar a vida dos pedestres de todo o mundo. A festa no vizinho varou a madrugada e beberam todas. No dia seguinte, quando o felizardo acordou para registrar a patente da obra, cadê o guarda-chuva?

O inventor esqueceu o invento na casa do vizinho.

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