Ronaldinho Gaúcho, de mudança de camisa e de clima, parece que se deu bem em Belo Horizonte. Estreou com vitória sobre o Palmeiras e, daqui pra frente, promete que tudo vai ser diferente. Mas tem que aprender a ser gente, dizem os flamenguistas, porque Belo Horizonte ainda fica muito perto do Rio de Janeiro. Ou seja, o pecado mora ao lado.

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Para se recuperar, Ronaldinho devia mesmo era jogar em Curitiba. Melhor ainda, jogar no Coritiba. Aí, sim, ele iria ver o que é bom pra tosse! Assim como Belo Horizonte, um dos melhores defeitos e uma das piores qualidades de Curitiba é não ter mar. Com o mar assim distante e assim tão perto, Ronaldinho Gaúcho teria a paisagem ideal para um retiro espiritual.

Como dizia o escritor Manoel Carlos Karam, “pobres infelizes que não percebem a desimportância do banho de sol à beira do mar, existindo o banho de lua à beira de Curitiba”. E como pregava o médico Jean-Maurice Faivre, ao plantar em Guarapuava as bases de seu socialismo utópico, “é preciso introduzir a indústria agrícola e a moralidade bem longe do mar, onde a ganância tem acarretado tantos desastres e sofrimentos inúteis”.

Belo Horizonte e Curitiba são cidades gêmeas por parte de botecos. A diferença é que os bares curitibanos seriam de grande valia para a reabilitação de um combalido jogador de futebol, pois uma das características da nossa vida noturna é que aqui até os mais obstinados boêmios costumam dormir com as galinhas.  

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Não temos vida noturna, reconhecemos. Com boa vontade, Ronaldinho Gaúcho iria encontrar em Curitiba uma balada no padrão Alan Bahia, com direito à canja de galinha do Gato Preto. Aliada ao frio e à chuva, nossa desprovida vida noturna seria mais uma das vantagens para o pronto restabelecimento desse filho de Deus que não resiste às tentações.

Se a distância do mar e o clima dessas terras úmidas de Curitiba não o regenerarem, a disciplina prussiana do Coritiba Foot Ball Club deve botar o filho da Dona Miguelina nos eixos. E se nada disso resolver, restam as novenas da Igreja do Perpétuo Socorro, no Alto da Glória. Com as orações do padre Joaquim Parron, Ronaldinho Gaúcho não há de pendurar suas chuteiras no vestiário do Belzebu.

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