Pior que a direita, só mesmo a esquerda com o Diário Oficial na mão. A jornalista e professora universitária Dinah Ribas, assessora de imprensa do BRDE, foi demitida para ceder lugar à sobrinha de um poderoso, uma também jornalista que fazia presença na TV Educativa e apareceu na lista dos nepotes ameaçados pela resolução do STF.

continua após a publicidade

Infelizmente, neste beco escuro da história do Paraná, torna-se verdade que os servidores públicos são como livros numa estante: quanto mais alto na prateleira, menos servem.

Com mais de 35 anos de profissão e desde 2004 no BRDE, Dinah Ribas Pinheiro sempre ocupou espaços nas estantes mais baixas. Era, e ainda é, um livro sempre à mão, repleto de sabedoria e experiência.

“Uma pessoa doce”, diria quem a conhecesse pela primeira vez. “A janela cor-de-rosa do mundo”, assim carinhosamente ainda é tratada pelos velhos amigos, e a expressão se ajusta perfeitamente ao caráter desta generosa jornalista que, nas situações mais amargas, nunca deixou de confortar a todos com um sorriso dobrado e um abraço apertado. É um paradoxo, mas Dinah é uma pessimista, segundo Oppenheimer: “O otimista acha que esse é o melhor dos mundos. O pessimista tem certeza”.

continua após a publicidade

Certeza tenho, a nossa “janela cor-de-rosa para o mundo” não deve estar chorando pitangas. O nome pitanga vem de pyrang, que, em tupi, significa vermelho. A expressão se refere a alguém que chorou muito, até o olho ficar vermelho. Mulher de espírito forte, só a vimos de olhos vermelhos na saída do teatro, por certo vai mandar um punhado de pitangas maduras para os ex-companheiros do BRDE.

Por certo, ainda, algum “espírito de porco” dirá que nós jornalistas estamos enaltecendo esta digna profissional por “espírito de corpo”. Conheço Dinah Ribas Pinheiro há mais de 35 anos, quando fomos os pioneiros da Fundação Cultural de Curitiba.

continua após a publicidade

No livro que conta a história da FCC, lá está o depoimento de Dinah: “Comecei na FCC por indicação do jornalista Aroldo Murá, que me conhecia dos jornais Diário do Paraná e Voz do Paraná. Era agosto de 1974 e a FCC tinha sua sede na Rua Lysimaco Ferreira da Costa, n.º 20, no Centro Cívico, onde hoje está o Edifício Porto Belo. Era uma casa baixa, procedida de um grande jardim, com gramado. Nele, havia espaço para os carros que não passavam de seis, quando hoje se precisa de um estacionamento inteiro para acomodar os carros de todos os funcionários! Nós, uma equipe de muito poucos, nos acomodávamos como era possível, na casa que fora da família Reichmann. Pelo tipo de trabalho que eu iria desenvolver, de assessoria de imprensa, passei a dividir uma sala com o Dante (Mendonça), que era o diretor de arte. Ao fundo da sala ficava um balcão, atrás do qual ficava “seu” Luiz (Santiago), o “Perereca”, que era produtor gráfico. O presidente da FCC era o arquiteto Alfred Willer, enquanto Constantino Baptista Viaro era o diretor administrativo e financeiro e Aramis Millarch o diretor executivo, que cuidava da ação cultural”.

Dinah permaneceu por muitos anos na assessoria de imprensa da FCC. Atravessando com sua competência, inclusive, o período em que Roberto Requião foi prefeito, quando o presidente da FCC era o atual procurador-geral do Estado, Carlos Marés. Justamente quem a levou, por méritos, à assessoria do BRDE.

Agora, demitida pelo novo diretor, Airton Pisseti, transferido da Secretaria da Comunicação para a função de financista do BRDE, Dinah foi descartada para ceder lugar a uma sobrinha do assessor especial de imprensa de Requião, Benedito Pires.

O maior amigo da assessora de imprensa é Francisco Alves dos Santos, ex-seminarista e jornalista especializado em cinema. Frei Chico, como ainda é conhecido, trabalhou com Dinah no jornal católico Voz do Paraná, onde (o que é o destino?) o chefe de redação era Benedito Pires, digno de nosso respeito.

“Será o Benedito que conhecemos?”, devem estar se perguntando, perplexos, os tantos admiradores de Dinah Ribas Pinheiro.