Verticalizar ou horizontalizar, eis a questão. O que é preferível: viver, trabalhar e ter serviços na porta de casa; ou viver entre o trabalho e a porta de casa, pela carência de transporte público? Na metamorfose urbana da década de 1970, a solução encontrada pelo arquiteto Rafael Dely foi a linearização. O crescimento em direção às estruturais. De um modo linear, serviços se aproximando dos bairros, com moradia e trabalho mais próximos. Daí que surgiram as vias trinárias, com o Expresso no meio.

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Quando a moeda de troca é o voto e a estratégia dos mercadores da miséria é dominar a cidades através do conflito – Bairro versus Centro -, para simplificar o zoneamento seria preferível dividir a população em duas, com o propósito de cumprir as promessas de inclusão social: a classe D viria para o Batel e a classe A seria alojada intramuros, nos condomínios de luxo da periferia.

Por certo muitos iriam dizer que, assim apetecível, o Plano Diretor da cidade ficaria uma verdadeira zona. Até pode ser, todavia não devemos confundir zona com zoneamento. No tempo em que Getúlio Vargas vinha a Curitiba só para visitar a famosa Zona da Otília, a cidade era dividida em várias zonas: a Zona do Quatro Bicos; a Zona da Albertina; a Zona da Dinorá; a Zona do Burro Brabo; a Zona da Maria Sem Calça e a Zona da Ávila, que era prima do Jânio Quadros. Depois é que inventaram esse tal de zoneamento, quando todas as zonas da cidade foram concentradas na Zona do Parolin. E, assim, deu no que deu. Conforme a cara do freguês, houve um tempo que o Plano Diretor era uma verdadeira casa de tolerância.

Entre as suas piores qualidades, um dos melhores defeitos de Curitiba é a sua proximidade com São Paulo. Chegaremos lá?

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Dante Mendonça está de férias. Vale a pena ler de novo suas crônicas.

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