Santa Clara clareou, São Pedro…

Estava o Todo Poderoso acompanhando, preocupado, as diligências da Polícia Federal por esse Brasil afora, quando São Jerônimo bateu na porta para anunciar.

– Senhor, é o doutor Bento Munhoz da Rocha Netto!

– O quê? A CCPP de novo? Manda entrar!

(Para quem chegou agora, a CCPP (Comissão Celeste Pró-Paraná) é uma ONG (honesta) montada no Céu para defender os interesses paranaenses nas altíssimas esferas do poder celestial, presidida pelo ex-governador Bento Munhoz da Rocha Netto).

São Jerônimo, padroeiro das secretárias, conduziu o presidente da CCPP, acompanhado pelo jornalista Hélio Teixeira, recentemente falecido.
– No que posso servi-los, meus filhos?

– A CCPP está precisando de Sua Excelsa influência junto a São Pedro para botar nos eixos a clima do Paraná.

– Todo ano é a mesma ladainha! Quando é que os curitibanos vão se conformar com o clima que têm?

– Mas, Senhor…

– Doutor Bento, já lhe expliquei mil vezes que a capital do Paraná é um campo de testes climáticos. Não posso interferir na equipe de meteorologistas de Santa Clara, muito menos desautorizar São Pedro. Mas, afinal, o que agora sucede no Paraná, além das reinações do juiz Sérgio Moro?

– Santa Clara clareou, São Pedro exagerou! Acontece que em pleno inverno, estamos em pleno verão. Ninguém mais aguenta tanto sol. Estamos sentindo falta das temperaturas em torno de zero. Imagina o Senhor que até as Moças do Tempo estão com os seus fluxos biológicos fora da normalidade.

Diante disso, o Todo Poderoso passou a mão no telefone:

– Pedro, estou com o Bento Munhoz da Rocha e o jornalista… como é mesmo o nome desse rapaz?

– Hélio Teixeira, jornalista e pescador!

– Eles estão querendo saber o que está acontecendo em Curitiba?

São Pedro ficou um bom tempo dando explicações, até que o Todo Poderoso se voltou aos visitantes:

– É uma nova pesquisa de comportamento climático.São Pedro quer saber como é que os curitibanos vão passar o próximo verão com o sol no volume morto.

– Senhor, isto não é justo! – disse Hélio Teixeira.

Deus olhou torto para o jornalista:

– Meu filho, o sol nasceu pra todos! Mas quando passa dos limites, o favorecido vai ter que pagar a conta!