Nireu Teixeira costumava abrir os trabalhos da boemia com uma frase de júbilo: “Como é bom, de noite com os amigos!”. Parafraseando o cronista, digo o seguinte: “Como é bom, um sábado com os amigos!”. Foi assim o lançamento de meu livro, com amigos e novos amigos na paisagem magnífica do Passeio Público. A foto de Lina Faria prova.

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Porque era sábado, não poderia haver lugar mais indicado do que o Passeio Público para reunir tantos amigos que já não se viam há tanto tempo. Pouco mais, pouco menos, pelas nossas pesquisas mais de 70% dos presentes há mais de 20 anos não pisavam naquele paraíso rejeitado no coração de Curitiba. Para muitos, foi um sábado de reconciliação de Curitiba com o Passeio Público. Antes uma das referências da cidade, o curitibano trocou o Passeio pelos parques da moda: Barigui,Tingui, Tanguá . Porém, mais intimista que o Passeio Público não há.

Bem a propósito, ontem recebi mensagem do jornalista Márcio Renato dos Santos: “Eu caminho pelo Passeio, todo dia, de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Penso todo dia que ali poderia ter uma feira de livros, um espaço para shows, até para revitalizar o Passeio. Todo dia me imagino em meio a mais pessoas que também poderiam caminhar por ali. É no coração da cidade. Se fizessem algo pelo Passeio, seria algo pela cidade. Mas é apenas um delírio que venho alimentando faz tempo. Pelo menos uns dois anos. Linda a imagem, a Lina Faria é fera”.

Aos amigos e leitores que foram nos prestigiar, um abraço apertado. E agradeço principalmente ao taxista Amauri Lago, o Jacaré. Sábado pela manhã, ao entrar no táxi, Amauri me estendeu a mão e disse antes de qualquer coisa:

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– Sou teu leitor. Por isso, faço questão, vou levar você de graça até o Passeio Público!

De autor ignorado, a frase era muito ouvida nas festas dos idos de 90: “Se cobrir vira circo, se cercar, vira hospício”. No sábado, o professor Rodrigo Santiago puxou da sentença para tentar descrever a paisagem humana reunida no antigo Bar do Pasquale. O músico Fernandinho Loko apareceu quase no fim da tarde, bem depois dos cartunistas (Tiago Recchia e Bennet se fartaram na feijoada, enquanto Solda bebeu regulamentares litros de Coca-Cola), dos jornalistas (Professor Aroldo Murá nos deu a honra e o Dr. João Feder me levou um abraço), dos políticos (Gustavo Fruet levou o livro para dona Ivete), dos advogados (Dr. René Dotti, recém-chegado de Paris), dos publicitários (mestres Paulinho Vítola, Ernani Buchmann, Cláudio Loureiro e Zé Oliva), dos engenheiros (Dr. Nicolau Klüpel, o criador do Parque Barigui foi festejado) e dos arquitetos (antes de sair, Jaime Lerner passeou nostálgico e pensativo pelas alamedas do Passeio).

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Quando ajudamos a fechar o portão do Passeio Público, ao anoitecer, veio a frase de Nireu Teixeira. E junto, Maiakovski:

– A natureza me traiu, sou todo coração.