Requião é catarina, viste?

Quando deu no jornal, o manezinho da ilha não se conteve: ?Tás tolo??. A notícia não era nenhuma ?bobiça? da imprensa canalha: ?O deputado Julio Garcia, presidente da Assembléia, entrega o título de cidadão catarinense ao governador do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva, no próximo dia 25. A homenagem será às 17h, no plenário da Assembléia Legislativa, em Florianópolis.?

?Não tinha outro para escolher??, perguntam alguns, ?reinando? – reclamando, no legítimo manezês. Outros comentam que a homenagem é mais do que justa, Roberto Requião tem uma ?carrada? de méritos para ser intitulado catarina: ?Depois da Guerra do Contestado, ninguém mais rendeu tanto espaço, ninguém fez mais em tão pouco tempo pelo desenvolvimento de Santa Catarina. Mamonas à parte, a soja transgênica acelerou o desenvolvimento dos portos de São Francisco e Itajaí, com benefícios incalculáveis para a agroindústria local.?

Sem querer ?intisicar? ninguém, concordo plenamente com a homenagem. Tenho pré-requisitos para assinar embaixo do diploma, na condição de catarina de Nova Trento e, reverso do governador, recém-agraciado com o título de Cidadão Honorário do Paraná.

?Mofas com a pomba na balaia!? – é preciso aplaudir: depois que Roberto Requião duplicou o trecho entre Curitiba e Joinville – com o meu, o seu, os nossos recursos estaduais – o turismo no litoral catarinense nunca cresceu tanto. ?É a coisa mais querida!? Seria um ?mocorongo? quem não reconhecesse os benefícios dessa duplicação. Antes, eram dez horas para ir e vir de Balneário Camboriú, onde a família Requião desfruta de belo apartamento de frente para o mar. Graças aos próprios méritos, Requião não mais será considerado um simples turista: se já tinha endereço, agora também possui cidadania.

Enquanto isso, no nosso litoral, a Sanepar… Bem, deixa pra lá, esse assunto é uma ?naba?.

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?Se quéz quéz se não quéz diz!? – é claro que no próximo dia 25 o governador Roberto Requião estará todo ?pampa? em Florianópolis para receber o canudo. Requião não é nenhum ?tanso?, tenho quase certeza que, antes da solenidade, até vai dar uma passadinha no Mercado Público para comer uma tainha com ?pirão de náilo? – feito com farinha de mandioca e água fervente.

Só rogamos ao governador que, no box 32, não invente de ?inticar? com os manezinhos, como é do seu feitio. Os catarinas até aceitam uma boa pilhéria, contanto que não seja um chiste deselegante. Por exemplo, ao se referir às belas mulheres de Floripa, não trate nenhuma delas de ?lambisgóia?. Na ilha, ?mulher feia é namorada de gaúcho?.

?Lhó, lhó!? Seja prudente governador, não vá a Florianópolis com piadinhas prontas. No mercado, não peça ?bolinho de boi ralado?; não chame jetski de ?vexpa d?água?; lagartixa não é ?jacarezinho de parede?; e não diga que veio de Curitiba num ?avião de rosca?. Vão chamá-lo de ?estepor?. Se falar que Anita Garibaldi foi o maior macho da história de Santa Catarina, lhe ?atocham? de desaforos. Jogam-no do alto da ponte Hercílio Luz se desferir uma gracinha do tipo ?o sonho de todo catarina é fazer 18 anos e tirar carteira de motorista para conhecer o pai em Curitiba?.

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Feito os devidos reparos, parabéns pela dupla cidadania. Mas veja lá, governador: o Paraná não pode fazer fiasco. Se precisar, o ex-governador paranaense Mário Pereira, catarina de Itajaí, pode traduzir o discurso para o ?manezês?, começando assim: ?Tô felize a-migueli!?