República Independente do BarBaran

Ucraínos ou ucranianos, tanto faz, estão em pé de guerra com o cancelamento da vinda da cantora e ativista Ruslana para falar sobre a situação de seu país, num encontro marcado na Sociedade Ucraniana do Brasil.

Para quem não sabe, são 500 mil os descendentes ucranianos no Paraná; Ruslana é a cantora e compositora que liderou as manifestações da Praça da Independência em Kiev, que resultaram na deposição do presidente Viktor Yanukovich (o capacho de Putin); e a Sociedade Ucraniana do Brasil é quem abriga o sempre apinhado BarBaran, ponto de encontro da noite curitibana nos fundos e no térreo do clube fundado em 1922.

Vencedora do Festival da Eurovisão de 2004, no mesmo ano em que havia declarado seu apoio ao então candidato a presidente Viktor Yanukovich, Ruslana seria recebida com os calorosos aplausos de seus conterrâneos no simpático salão de baile da Sociedade Ucraniana da Rua Augusto Stellfeld (onde tradicionalmente são realizados os bailes da classe jornalística). No entanto, uma recepção digna de pop star seria sua entrada triunfal no BarBaran, numa visita informal à nova (e belíssima) geração de ucranianos e seus agregados.

Num amplo salão com assoalho de madeira, com mesas e cadeiras ao lado de um amplo balcão que os anos remetem aos antigos clubes do interior, o BarBaran foi aberto ao público em meados de 1970 e, infelizmente, hoje é muito mais conhecido do que as histórias de luta da brava gente ucraniana. Quase escondido, o bar nunca passou de um ponto encontro restrito à turma de amigos, até que Igor Baran assumisse o balcão se sua própria etnia. Independente do clube, o BarBaran preserva no seu cardápio o orgulho da culinária típica da Ucrânia, com pequenas variações: o Varenek, um pastel cozido recheado com batata com repolho ou batata com requeijão, e a Borsch, sopa servida durante o inverno, feita à base de beterraba, repolho, costela defumada e carne bovina, além dos tradicionais bolinhos da carne e o filé de alcatra à moda paranaense.

Aqui no Brasil Meridional, onde separatistas sonham em proclamar a independência do Paranaquistão, de Santa Katarânia e do Rio Grodzki do Sul, os cossacos de Curitiba fariam de Ruslana a musa inspiradora da República Independente do Barbaran.

– Ucranianos de Curitiba, desuni-vos! – do alto de uma mesa dos tempos dos Móveis Cimo, este seria o grito de independência anunciado por Carlos Fernando Mazza, o Mazzinha, um dos pioneiros que fizeram do BarBaran o Principado da Música Popular Brasileira.

Muito além do azul celeste, o jornalista Jorge Narozniak já está redigindo a futura constituição, pronto para a luta, tendo na mão esquerda a bandeira desenhada pelo pintor Miguel Bakun:

– Quem for ucranino ou simpatizante, siga-me à República Independente do BarBaran!