Renata Bueno e o futuro da Itália

Em entrevista à CNN, o cardeal Thimoty Dolan, de Nova York, mostrou com seu bom humor porque é um dos mais fortes candidatos ao papado. Mais para o vinho do que para o vinagre, reagiu como se fosse um “vero italiano” sobre os rumores de que seu nome é um dos mais fortes para suceder Bento XVI: “Thimoty Dolan para papa? Ou beberam muita grappa ou fumaram maconha!”.

Com esta resposta, o bispo de Nova York não só sinalizou que um humorista tem grandes chances de dar as tintas na Igreja de São Pedro, como também citou duas das causas que levaram o eleitorado italiano a fazer tanta lambança nas urnas. Para nós brasileiros não é difícil entender a lambança. Em linhas gerais, o quadro eleitoral na Itália é mais ou menos assim: Pier Luigi Bersani, da coligação centro-esquerdista, é um ex-comunista do calibre de Roberto Freire. Beppe Grillo, do movimento Cinco Estrelas, é um Tiririca sofisticado. E o Berlusconi é o próprio Maluf. Deu pra entender?

Não deu? Então não vamos tentar entender, pois nem mesmo o escritor Umberto Eco, o maior intelectual italiano, bota fé num país que antes tinha medo da “cosa nostra” e agora fica de cabelos arrepiados com a “pizza nostra” do parlamento de Roma: mezzo bizarra, mezzo anárquica.

Numa crônica escrita em 1991, Umberto Eco profetizou que o novo século seria risonho para os romanos, com uma papisa no Vaticano: “Roma voltou aos tempos áureos, com uma zona franca para os Emirados Árabes. Os turistas ocorriam de todo o mundo para assistir a execuções capitais (era muito apreciado o corte do pênis de quem fosse surpreendido contrabandeando as obras de arte). A riqueza imprevista exerceu porém uma influência negativa sobre a classe dirigente eclesiástica: descobriu-se, por exemplo, que com o nome de Moana I um travesti brasileiro chegou a ser eleito no conclave”.

Sobre a futura crise econômica no Norte da Itália, Umberto Eco previu o seguinte: “Privada de uma saída para os mercados mediterrâneos, a Itália enfrentará sérias dificuldades em suas tentativas de vender vinhos para a França, relógios para a Suíça, cerveja para a Alemanha e calculadoras para o Japão”.

Em Roma, o “imbróglio” é de tal envergadura que até o jeitinho brasileiro pode entrar na balança comercial com a Itália. Se o companheiro Zé Dirceu não for convocado para ensinar aos deputados italianos como montar uma base aliada com o “know-how” do Mensalão, pelo menos uma belíssima consultora política o Paraná está enviando a Roma: eleita para o parlamento italiano, a vereadora Renata Bueno pode detalhar o “Método Renan Calheiros“ para a formação de maioria parlamentar.