Reencontro com grande pescador

Antes do Natal, a redação desta Tribuna parou para abraçar o jornalista Nelson Comel. Poucos sabem, mas além de ter inventado o maior campeonato de futebol de pelada do Brasil, Comel é um inigualável contador de histórias de pescarias . Uma delas é sobre a vinda deDon Alvar Nuñes Cabeza para pescar em Foz do Iguaçu, em 1541.

Quando El Rey de Espanha ouviu falar de um remoto rio do hemisfério Sul, onde os peixes eram dourados, com escamas de ouro 21 quilates, mandou o desocupado Cabeza de Vaca pescar, pois os astecas e maias já estavam em extinção

Cabeza de Vaca partiu então da Ilha de Cuba com um carregamento de rum e charutos para trocar por baianos, que na época eram usados como iscas de tubarão. Depois de passar uma semana no Rio de Janeiro pescando sereias, Dom Alvar levantou âncora e se zarpou para Floripa. Ao chegar no Jurerê Internacional, soube que Buenos Aires fora arrasada pelos torcedores do Boca Juniors e que os sobreviventes tinham fundado uma nova cidade, Asunción, nas margens do Rio Paraguai, onde estavam começando a fabricar uma bebida com o nome de uísque.

Com 250 homens, uma tribo de índios carijó e 26 cavalos, Cabeza de Vaca passou o verão no litoral de Santa Catarina, até chegar em Curitiba, onde foram recebidos por um tal de Don Nélson Comel del Bigorrilho, respeitado pescador que garantiu ser verdadeira a história dos dourados com escamas de 21 quilates.

Do Bigorrilho foram pescando uns lambaris aqui nas curvas do rio e assim a expedição foi subindo o Rio Iguaçu, até vislumbrar a maior maravilha do mundo: as cataratas do Iguaçu. Assim, Don Alvar Cabeza de Vaca foi o primeiro homem branco a pisar em Foz do Iguaçu, que na época era três vezes maior e só conhecida por contrabandistas paraguaios, índios e turistas japoneses.

E cadê os dourados com escamas de 21 quilates? Foi aí que Cabeza de Vaca soube da verdade nua e crua: era tudo estória de um pescador chamado Don Nélson Comel del Bigorrilho.

Feliz Ano Novo e muitos lambaris pela frente, estimado Comel!