Querem nos fazer de pato

Apesar da friagem no alto do Bigorrilho, o Bar do Popadiuk está em ebulição. Cismadíssimos, os adictos ao balcão ainda não conseguiram engolir a notícia de que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou uma lei que proíbe a produção e a venda de “foie gras” na pauliceia desvairada.

Tradicional na culinária francesa, o “foie gras” -na tradução literal, “fígado gorduroso”- é obtido a partir da alimentação forçada de gansos e patos. Como justificativa, dizem que a iguaria, classificada por eles como “simples aperitivo das classes abastadas”, “não traz nenhum benefício à saúde humana” e que, para sua produção, submete as aves a “um verdadeiro sofrimento”.

A preocupação não é com os bacanas da Avenida Paulista. Muito menos com a “happy hour” do Zé Dirceu – esclarecem no Popadiuk. O que deixa a turma do Bigorrilho cismada é que os paulistas estão convencidos de que tudo o que é bom para São Paulo é bom para o resto do país. Inclusive políticos como Jânio Quadros, que quando prefeito de São Paulo proibiu a briga de galo.

– Não se sabe o que os políticos de São Paulo têm contra os galos, gansos e patos, ou se é da natureza dos paulistas eleger os bichos de sete cabeças que acabam na presidência da República – inflama-se o polaco Stacho, ao terminar o discurso sob os aplausos da freguesia: Eles que fiquem sem o “foie gras”, mas de jeito e maneira nenhuma vão nos fazer engolir mais esse desvario!

Com santa indignação, Stacho se refere ao secretário-executivo da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), que parabenizou o prefeito Haddad pela coragem: “São Paulo vai dar um exemplo de evolução, tenho certeza que o projeto será replicado em muitas cidades. O próximo passo será a expansão dessa lei para todo o Brasil”, afirmou o vegetariano.

– Como sempre, os paulistas querem nos fazer de pato! – alertou o professor Bazinga, o grande cientista político do Bigorrilho. Aqui da trincheira do Popadiuk vamos lançar um abaixo assinado não só em defesa do “foie gras”, como também para fazer da “carne de onça” e dos “testículos de touro” patrimônios culturais e imemoriais de Curitiba.