Quando Hitler bombardeou Curitiba

Bônus de guerra, também chamados de obrigações de guerra, foram títulos ao portador da dívida pública que o governo emitiu para cobrir despesas com a Segurança Nacional no início da Segunda Guerra Mundial. Rendiam 6% ao ano, como contribuição à Comissão de Defesa Passiva (CDP), responsável pela organização de exercícios de blecaute e construção de abrigos contra explosivos e gases.

Não era pouco o medo de Curitiba ser bombardeada pessoalmente por Hitler. Era tanto que o povo foi treinado para se defender de ataques aéreos, combate a focos de incêndio, efeitos de bombas incendiárias e assim o temor acabou resultando numa campanha em favor da construção de um grande abrigo antiaéreo para a população.

Infelizmente o buraco não saiu do papel, como sempre; ou o metrô curitibano já estaria pronto desde o século passado. O único abrigo antiaéreo de Curitiba saiu do papel em 1943, com a construção do Colégio Estadual do Paraná.

Eram dramáticos os seguidos exercícios de blecaute, que podiam ser totais ou parciais, com duração média de duas horas. No parcial, a iluminação pública era apagada, permanecendo acesas as casas particulares. Nesse caso, os moradores recebiam orientações minuciosas para impedir que a luz escoasse para o exterior das casas. Os condutores de veículos eram obrigados a cobrir os faróis com pano ou tinta preta e recomendava-se aos pedestres, para evitar acidentes, que trajassem roupas brancas à noite; e a Casa de Saúde São Vicente testou com sucesso a possibilidade de fazer uma intervenção cirúrgica no escurinho.

O início e o término dos exercícios de blecaute eram marcados pelos sinais de alarme das sirenes, sinos de igreja e apitos de fábrica. Dava o toque de sirene e os aviões levantavam no Bacacheri. As pessoas então tinham que apagar as luzes e fechar as janelas. Se estivessem na rua, que procurassem um abrigo.

Nem Londres viu coisa igual na Segunda Guerra: os aviões subiam e subiam roncando muito, apavorando Curitiba, carregados com sacos de areia para jogar em cima das casas que mantivessem alguma luz acesa. Uma lamparina que fosse. Pelo que se sabe, entre mortos e feridos escaparam todos, porque os voluntários que jogavam sacos de areia dos aviões eram muito ruins de pontaria. Não acertavam um alvo sequer. Por sorte dos curitibanos, os bombardeios de Hitler não chegaram a destruir Curitiba.

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