Quando a polenta ganhou a América

(Diário de Roma)

O cartaz está no Museo Nazionale Emigrazione Italiana (MEI), que fica no complexo Vittoriano da Piazza Venezia, em Roma. O alerta diz: “A Itália precisa de carne, farinha, gordura e açúcar. Comam pouco desses alimentos, porque eles devem ir para o nosso povo e para as tropas da Itália”.

Era a I Guerra Mundial e foi o Governo dos Estados Unidos que espalhou a mensagem, ilustrada com a figura fardada do então rei da Itália, Vittorio Emanuelle III. Os ítalo-americanos não alistados eram chamados a colaborar com a guerra, que contou com 300 mil jovens dessa dupla nacionalidade na defesa da pátria de origem.

Por que tantos ítalo-americanos? O que tanto italiano fazia nos Estados Unidos? O número tão grande de convocados e voluntários inclui outra guerra, sem armas além da fé e da capacidade de trabalho: a da emigração italiana, para fugir da fome e buscar ocupação. O êxodo dos italianos a partir do final do século 19 alterou o comportamento daquelas gerações que saíram e das que ficaram também.

A exposição na Praça Veneza abrange 150 anos de história (entre 1861 e 2011) contada com objetos como baús e pesadas malas de viagem, documentos, muitas fotografias, filmes e publicações. Inúmeras curiosidades como, por exemplo, uma casa de acolhida temporária em Gênova, para abrigar quem ia sair no próximo navio. Ou seja, diante das graves crises econômicas a Itália não via outra saída a não ser sair com seus filhos.

Por isso a exposição no museu, 150 anos depois da saída dos primeiros italianos, fala do passado e da atualidade. E se propõe a refletir sobre o futuro de ser e sentir-se italiano.