PrudentopolÊs

De Serra Acima nos enviaram mais um dicionário de palavras e expressões típicas dos Campos Gerais: agora é o “Grande Dicionário Prudentopolês”. No prefácio, o glossário diz a que veio: “É sabido que o sotaque mais xucro, grosso e assustador de todo o Cosmo é oriundo do nosso rincão amado: Prudentópolis”.

“Este dicionário de bolso está quase completo e com ele em mãos você evita passar vergonha por essas bandas. Saiba como se fazer entender, ou entender os nativos prudentopolitanos. São quase 400 termos típicos reunidos na mais completa coletânea já documentada. Não deixe de ler a aplicação prática de termos ao final do documento”.

Por exiguidade de espaço, evidentemente, não vamos republicar aqui todos os 400 verbetes, nem mesmo a “Aplicação prática de termos”. O dicionário completo estará no livro Serra Acima Serra Abaixo, junto com os dicionários de Ponta Grossa e Guarapuava, reunidos no “Dicionário dos Campos Gerais”.

Áchque: Acho que (Áchque vô comê uma vina).
Afinquemo: Fomos, nos mandamos (Daí eu e o paizão se afinquêmo nas tiguera).
Alfernéte: Alfinete, vermute (Vamo tomá um alfernéte na bodega do Gusto).
Ananoscada: Noz Moscada.
Ar: Problema de visão, patologia oftalmológica adquirida por olhar para o sol, para a réstia ou para o reflexo do Sol na água. Ninguém jamais teve tal doença e sequer se conhecem os sintomas (Não óie na réstia senão vai pegá ar). Babunha: Avó, vovó, derivado de ucraniano babá= vovó.
Batavo: Iogurte (Me vê um batavo de morango!).
Bespa: Vêspa, marimbondo (Ói lá um enxú de bespa!).
Bocó: Tiracolo de pano usado em pescaria ou caçadas.
Bófe: Entranhas, miúdos, pulmões (Os bofe jogue pro lavagero).
Bombinha: Canudinho de refrigerante.
Cachimira: Calça de tecido fino riscado feita por alfaiate (Mihátcho vestiu a cachimirona para ir no casamento do Meróinko).
Câimbra-de-sangue: Defecar sangue (Adriano esta noite teve até câimba-de-sangue).
Cainho: Sovina, pão-duro (Não seja cainho e dá umas bala pro Budágio).
Chambichuga: Sanguessuga.
Champoletasso: Paulada, bordoada, caceta, pancada.
Comidinha de padre: Tomate frito com cebola.
Comidinha de saci: Couve frita.
Corviando: Andando sem rumo.
Dárvo: Gay.
Gavá: Elogiar (O padre gavô o Tanásio)
Faiádo: Estéril, que não pode ter filhos.
Fidúsca: Desejar mal, mal agouro, falta de sorte, azarar.
Güeshka: Moça, menina.
Idéia: Cabeça (Levou um champoletasso na ideia).
Ispeliotiado: Louco, rebelde, superativo, indomável).
Jojóca: Soluço.
Kakedo: Pessoas que não valem nada.
Macáio: Fumo de rolo, ou seminaristas (macáios)
Mas ôpa!: Expressão de confirmação (Yuri, quer cobaçá com broa? Mas ôpa!).
Monarque: Bicicleta (Mãe, onde tá minha monarque?)
Mostardinha: Esferas de chumbo das mais miudinhas para carregar cartuchos de espingarda.
Muque na jatica: Pessoa decidida, forte (O Skáisker é muque na jatica).
Pepénke e petcherêtcha: Variedade de cogumelos selvagens comestíveis das florestas locais.
Perêna: Coberta tipo edredon, muito grossa e recheada com penas de galinha ou ganso.
Pidoncho: Pedinte.
Púpetz: Umbigo.
Qüera: Pessoa eficiente em alguma coisa (Fúrma é qüera pra fazer calçada e muro).
Redemonho: Redemoinho.
Relójo: Lambari grande.
Rolóps: Rolmops (Cebola enrolada com filé de sardinha no palito, em conserva de vinagre. Tira-gosto normalmente servido com vermute).
Sêntcho: Criança mimada, superprotegida (Sêntcho-da-babá).
Taio do Paiúva: Cortar a linguiça a 45 graus.
Virr: Medroso, molenga, moloide (Gabola não chega nas güechka porque é muito virr)
Xôto: Blefe, bravata, facão (O Vôiko só truca de xôto!)
Zolivre: Deus que me livre!