Faltando 27 dias para o mundo saber se Curitiba tem ou não tem capacidade para terminar o puxadinho Padrão Fifa do Clube Atlético Paranaense, temos até 18 de fevereiro para decidir se vamos  passar o próximo Carnaval em Maracangalha ou na Maracutaia.

continua após a publicidade

Se depender da Comissão de Frente da Copa em Curitiba (Beto Richa, Gustavo Fruet e Mario Celso Petraglia), a Arena da Baixada vai ficar para a disputa de pênaltis e o compositor Dorival Caymmi que nos aguarde: Eu vou para Maracangalha, eu vou / Eu vou de uniforme branco, eu vou / Eu vou de chapéu de palha, eu vou / Eu vou convidar Anália, eu vou / Se Anália não quiser ir / Eu vou só, eu vou só, eu vou só / Se Anália não quiser ir / Eu vou só / Eu vou só, eu vou só sem Anália / Mas eu vou.

Maracangalha é o nome de um lugarejo na Bahia, famoso no mundo da capoeira graças às façanhas do temível capoeirista Besouro, que lá morreu assassinado com um golpe de faca. A origem do nome estaria nos antigos engenhos, quando bandos de ciganos em suas andanças pelo sertão, ao prepararem os animais para as viagens, gritavam uns para os outros: “Amarra a cangalha!”. Os pretos escravos pegaram a coisa e passaram a repetir a palavra deturpada, para zombar dos ciganos. Com o passar dos tempos, o uso se arraigou e Maracangalha acabou no Carnaval e na imaginação dos brasileiros.

No imaginário tupiniquim, Maracangalha seria a capital brasileira da felicidade. Um paraíso tropical só comparado à Pasárgada, do poeta Manuel Bandeira: “Lá sou amigo do rei. Lá tenho a mulher que eu quero, na cama que escolherei”.

continua após a publicidade

Neste país onde se confunde Jesus com Genésio e o dinheiro público com privado, convém não confundir Maracangalha com Maracutaia, o paraíso onde alguns poucos se locupletam, e não se locupletam todos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa – como diria o craque Cafu para explicar a diferença entre o cofre do Atlético e os cofres do Centro Cívico.

No abalizado parecer de Jérôme Walcke, a Arena da Baixada só ficará pronta em tempo se o presidente Petraglia obedecer três pontos capitais: submeter-se ao Tribunal de Contas da Fifa e abrir a caixa preta da engenharia; calçar as sandálias da humildade; e “botar a cangalha” em mais mil trabalhadores para acabar o grande “xaxixo” da Rua Buenos Aires.

continua após a publicidade

Mesmo assim, se tudo ficar pronto em tempo, a Praça Afonso Botelho passará a se chamar Praça 18 de Fevereiro.