Portugueses, gregos e troianos

A crise econômica na Europa mudou alguns conceitos até então estabelecidos. Um deles é quanto ao que se entende por “zona do euro”. O que seria geograficamente os países que aderiram ao euro, até na Europa “zona” virou sinônimo de “área de meretrício”, tal era a libertinagem com que alguns países tratavam suas finanças. Portugal, Espanha, Itália e Grécia, principalmente. Por sinal, defenestrados da Copa bem antes do que esperavam.

 Outro conceito que foi a pique era de que as piadas de português surgiram em Portugal. Por exemplo: de tanto beber ao pendurar a chuteira, o histórico goleador português começou a ver coisas e, a pedido da família, voltou ao médico do clube:

– Doutor, não aguento mais ficar em casa. Parece que ainda estou na concentração, trancado num quarto. É só me deitar e começo a ver um juiz e dois bandeirinhas embaixo da cama.

– Você já viu um psicólogo?

– Não, não! Só um juiz e um bandeirinha!

Ao contrário do que aprendemos com as piadas de salão, sabe-se agora que arqueólogos descobriram sob as ruínas da economia grega o que seria a primeira piada da humanidade. Tanto é verdade que a pesquisadora inglesa Mary Beard chegou à conclusão que o humor atual é de 2.000 anos atrás. Foi herdado dos gregos e está no “Philogelos”, o mais antigo livro de piadas de que se tem notícia. “O humor antigo, o riso, foi herdado dos antigos gregos da mesma forma como herdamos a ideia de democracia, a filosofia”, explicou Mary Beard, que estudou o livro com quase 300 brincadeiras no velho estilo helênico. Ou seja, quase sem nenhuma graça.  

Mais velha que o Cavalo de Troia, uma das anedotas do “Philogelos” se refere a um grego que, ao encontrar um eunuco acompanhado de uma mulher, pergunta se ela seria sua esposa. O eunuco responde então que um eunuco não pode ter uma esposa. O grego pensa duas vezes e completa:

– Ah, então ela é sua filha!

Com a debacle na economia e no futebol, agora os portugueses tratam os gregos com a mesma moeda e morrem de rir na internet com os reflexos da crise na mitologia grega. 

Hércules é demitido dos seus doze trabalhos ; Afrodite foi rodar bolsinha na esquina; Hades começa a vender suco de soja; Atenas entra em liquidação e muda seu nome para Apenas; Platão, de tanto andar com Sócrates,agora está na fila para transplante de fígado; sem dinheiro para pagar uma diarista, Zeus muda o nome de seu lar de “Olimpo” para “Osujo”; multidão na Acrópole protesta para que Aquiles trate seu calcanhar no SUS; Medusa transforma pessoas em pedra e vai vender na Cracolândia; Acrópole é vendida e em seu lugar é inaugurada uma Igreja Universal do Reino de Zeus; Asclépio (deus da medicina) decide suspender o atendimento aos planos de saúde; Deusa Atenas é vista trabalhando  como garçonete na Alemanha; Hércules, demitido, procura bico como segurança na casa de tolerância de Vênus; Narciso vende seus espelhos para pagar dívida do cheque especial; Medusa faz bico na ala dos ofídios em zoológico local; para coroar a economia alemã, Zeus entrega o trono para a Angela Merkel; e se alguém perguntar em Atenas, os gregos dizem que quem perdeu para a Costa Rica não foram eles: foram os troianos!