Porque a porca torce o rabo

O número de casos da gripe porcina praticamente dobrou nas últimos dias. Enquanto isso, o uso de máscaras está virando moda, piadas e histórias suínas se multiplicam e assim caminha a humanidade.

É a “influenza” da moda. Em algumas lojas, as máscaras protetoras até estão sendo produzidas com design e estampas de grife. Observando essa nova epidemia “fashion”, um especialista em comunicação de massa lembrou que, enquanto todo mundo está por aí usando máscara, em contrapartida são milhares os casos de aids e a maioria ainda resiste ao uso da camisinha. E pergunta o atento observador de costumes: seria o sexo um ato de impulso ou a máscara, por ser visível, um ato de exibicionismo? Se a gente descobrir que o uso da máscara é pura exibição, poderíamos fazer uma campanha para todo mundo andar de pinto de fora. Quem sabe se o uso da camisinha aumentaria.

A gripe “fashion” ainda não atravessou a linha do equador. Pelo menos na Daslu, e muito manos na Daspu, as máscaras ainda não levam assinaturas famosas. Aqui no Brasil Meridional, por enquanto, as máscaras mais usadas são para sequestros relâmpagos ou assaltos residenciais. Em Florianópolis, onde se realizou neste fim de semana a “9.ª Conferência Global Sobre Viagens e Turismo” com o objetivo encontrar saídas para os impactos da crise econômica e da nova gripe sobre o turismo mundial, foi registrado pelo menos um caso de agressão verbal contra o uso da máscara protetora.

Depois de anunciar pelas colunas sociais que iria passar alguns dias de férias nas praias mexicanas (e a cidade inteira ficou sabendo), ao voltar do périplo o jovem mancebo foi se exibir num bar da moda. Só que, além do bronzeado, o que todos não puderam deixar de notar era o nariz pingando do rapaz, além da tosse intermitente e espirros com a força de um furacão caribenho.

Desde Anita Garibaldi, em Santa Catarina são as mulheres as primeiras a tomar uma atitude. Indignada, uma jovem estudante de medicina subiu nas tamancas e deu de dedo no gripado recém-chegado de Cancun: “Por que não fica em casa, rapaz? Ou então, no mínimo, use uma máscara protetora para não colocar em risco a saúde de todo mundo!”.

Deu porcaria: o gripado ainda sentiu-se ofendido e, graças à turma do deixa disso, quem quase baixou hospital foi a moça indignada.

Muito já se falou sobre a tal gripe, as mortes causadas, o pânico que se generalizou em aeroportos, e tudo indica que a H1N1 é mais uma das pragas que não habla inglês. Começou no Estado de Veracruz, onde está instalada a Granja Carroll, complexo fazendário que cria e comercializa cerca de 650 mil porcos anualmente. Um dos primeiros casos de gripe suína no México afetou Edgar Hernandez, de quatro anos, morador da localidade de La Gloria, a 8,5 km de uma unidade de criação de porcos da Carroll, em Perote.

Na história, comprovado está que a perseguição suína começou em 1131, quando na França morreu o jovem rei Filipe. Ao passar por uma rua estreita, um porco enrolou-se nas pernas de seu cavalo, este caiu e Filipe bateu tão violentamente a cabeça que morreu no dia seguinte.

Proibiu-se então que suínos vagassem pelas ruas. Com uma exceção: o medo de desagradar a igreja católica fez com que se isentasse da interdição o convento de Santo Antônio, mas sob a condição de que os animais usassem um sininho no pescoço.

Em 1386, um juiz condenou uma porca a ser mutilada e enforcada por ter matado uma criança. Em 1394, na paróquia de Roumaigne, viscondado de Morraigne, outra porca foi condenada pelo mesmo crime.

É dessa época a expressão “quando a porca torce o rabo”.