Por que só técnicos gaúchos?

É indubitável, a humilhante derrota de 7×1 perante os germânicos indultou o goleiro Barbosa e reabilitou o Dunga para o circo do futebol. Agora, do Guardiola ao Van Gaal, é o que se pergunta no mundo: “Por que só os gaúchos são técnicos da seleção brasileira?”.

A resposta parece ser simples, pois dos sete anões o Soneca é baiano; o Zangado é paulista (olha atravessado para o resto do país); o Feliz é de Brasília (é chefe de Gabinete) ; o Dengoso é carioca (é coadjuvante de novela) ; o Mestre é mineiro (o silêncio é uma sabedoria); o Atchim é paranaense (vive gripado); e o único gaúcho é o Dunga.

Os motivos pelos quais foi reservado aos gaúchos o cargo privativo de técnico da seleção brasileira não é assim tão simples. Remonta à Revolução de 1930, quando o movimento armado para depor presidente Washington Luís levou os gaúchos a amarrar seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, então capital federal, e fez com que Getúlio Vargas passasse a apitar o jogo da política nacional.

Dizem os historiadores mais chegados ao mundo da bola que, desde então, o predomínio dos técnicos gaúchos só não foi maior porque o Maracanã só foi inaugurado para a Copa do Mundo de 50. Se mineiros e paulistas tivessem se agarrado no poder por mais uns vinte anos, os técnicos gaúchos teriam amarrado seus cavalos no Maracanã, à sombra das chuteiras imortais de Nelson Rodrigues.

Os gaúchos só não inventaram o futebol porque na Revolução Federalista de1894 os ingleses não tomaram conhecimento de um certo Gumercindo Saraiva, chefe revolucionário que introduziu no Sul do País o primeiro Torneio da Morte entre pica-paus e maragatos. Nasceu daquele mata-mata a rivalidade do Grenal, ou do Atletiba, com a diferença que Gumercindo Saraiva decepava a cabeça dos adversários para fazer do crânio a bola do jogo.

Gumercindo Saraiva fazia o gênero paternalista do Felipão, com o olhar mortífero do Dunga. Quando invadiu Curitiba e amarrou o seu garboso tordilho no bebedouro do Largo da Ordem, o xucro Gumercindo Saraiva se derreteu frente às senhoras e senhoritas. Nem parecia aquele gaúcho fronteiriço, mais grosso que papel de embrulhar prego. Depois de prometer ao Barão do Serro Azul que seus soldados ficariam restritos aos bordeis, sem abordar as moças de família, veio ao conhecimento de Gumercindo que um de seus soldados havia matado por ciúme uma mulher no Beco do Inferno. Revoltadíssimo, o comandante maragato mandou laçar o assassino e, no “Olho d´Água dos sapos” – antiga Praça Rui Barbosa -, ordenou que cortassem o pescoço do ciumento no machado.

Com a cabeça rolando no campinho da praça, o time do Gumercindo aniquilou o time do Barão do Serro Azul.