Por que e pra quê?

O jornalista Fábio Campana revelou ontem que um empresário chamado Éviton Machado pode acabar vice de Gleisi Hoffmann, pré-candidata do PT a prefeita de Curitiba. Com todo o respeito, aqui cabe uma pergunta pertinente – ou impertinente, se assim lhe parece. Por que e pra que o cidadão Éviton Machado quer ser vice-prefeito?

O questionamento não é restrito ao senhor Éviton Machado, como prova de que a indagação não tem espírito preconceituoso. Se estende à própria candidata Gleisi Hoffmann e aos demais postulantes, que não são poucos. Pela oposição, o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, a ex-deputada Dra. Clair, o secretário da Segurança Luiz Fernando Delazari, o ex-prefeito Rafael Greca de Macedo, o vereador Mauro Moraes e outros menos citados. Pela situação, o prefeito Beto Richa cumpre o seu papel e vai botar sua administração em julgamento.

Todos os candidatos, inclusive os eleitores, têm na ponta da língua a resposta para a primeira questão: eles querem ser candidatos porque querem ser candidatos, ora! E alguém tem alguma coisa contra? Todos, até prova em contrário, têm o direito de votar e ser votados.

A segunda questão, por não ter um caráter constitucional, é a mais importante. Mais que importante, é fundamental.

– Prefeito pra quê?

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Se me perguntarem, posso responder.

– Sim, eu também quero ser candidato a prefeito!

Se me perguntarem, ainda, por que desejo ser prefeito, tenho a resposta:

– Quero ser prefeito porque tenho o direito de votar e ser votado.

No entanto, se me questionarem – Prefeito pra quê? -, vou precisar abrir um novo parágrafo para pensar.

Posso querer ser prefeito para ladrilhar uma rua com brilhantes, arrumar as calçadas assassinas da Rua Saldanha Marinho, atazanar a vida dos pedestres, restringir a circulação de veículos e até me locupletar, e locupletar muito! Que quem pouco se locupleta acaba na cadeia!

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Por felicidade, em toda sua história Curitiba sempre teve bons prefeitos. De José Borges de Macedo – de 1835 a 1838 – a Beto Richa, o arquiteto Jaime Lerner foi ao alto do podium, ungido pela mão torta da ditadura. E o torto desentortou a cidade.

Saul Raiz, Maurício Fruet, dois outros que subiram a rampa na contramão, Rafael Greca, Cassio Taniguchi e, agora, Beto Richa, nenhum deles deixou a cidade aos desígnios da preguiça.

Inclusive Roberto Requião. Muito antes de ser candidato a prefeito, todos sabiam por  que o atual governador queria ser prefeito de Curitiba e, principalmente, pra que: para encampar o transporte público de Curitiba. Esse era o discurso do candidato, e para dizer a que vinha ele usou, como poucos, a imprensa. O candidato tinha como bandeira a planilha do transporte e, sempre com pneu de ônibus a tiracolo, não saía da redação dos jornais canalhas.

Eleito prefeito, Requião tomou para a administração da Prefeitura algumas linhas de ônibus e deu no que deu. Mas teve seus méritos, e justiça seja feita: o candidato – É Requião, irmão! – tinha a resposta na ponta da língua.

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Prefeito para quê? – Antes de se desejar prefeito de Curitiba, o candidato precisa responder a essa pergunta. Se não souber responder, serei eu o prefeito. Porque pelo menos eu sei pra quê! Vou me locupletar, e locupletar muito! Que quem pouco se locupleta acaba na cadeia!