Como sabemos, o nosso saudoso crítico e professor Wilson Martins escreveu a mais alentada reportagem sobre o Paraná: “Um Brasil diferente” só não ganhou o Prêmio Esso de reportagem porque sua obra era grande demais para o tamanho dos jornais da época. Sendo que então a Esso não premiava jornalistas, Martins teve que se contentar com a edição em livro, mídia sabidamente de insignificante leitura.

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Estatisticamente,o repórter Wilson Martins mostra que no final do século XIX a criminalidade era muito maior do que hoje. E até nos convence de que vivemos em relativa segurança, considerando as transcrições do noticiário policial da época: A 29 de fevereiro de 1880: “Em um dos dias da semana finda foi gravemente ferido na estrada da Graciosa o súdito português A. Ferreira por alguns franceses. Além de diversos e graves golpes que recebera Ferreira, com um machado fora-lhe partido um osso clavicular.”.

A 22 de maio de 1881: “Quatro colonos deram tamanha sova de pau a um companheiro também polaco, que este veio a perecer 3 ou 4 dias depois. As autoridades policiais tomaram conhecimento do fato”.

A3 de fevereiro de 1883: “ASSASSINATO! Nas proximidades desta cidade foi encontrado morto em sua carroça, com um ferimento a bala na cabeça, no dia 28 passado, o alemão Carlos Beltz. É indiciado neste assassinato o alemão Fernando Schultz que se acha preso”.

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A 4 de maio de 1872: “ATENTADO! O alemão Júlio Klass, sofrendo de “delirium tremens’, dirigiu-se ao palácio do governo e procurou o exmo.Sr. Presidente da Província, revelando, pelos gestos e palavras, intenções malignas. Como soubesse que s. excia. ali não estava, seguiu correndo para a residência do exmo. Sr. Dr. Agostinho Ermelino de Leão. Invadiu a chácara e quando pretendia saltar por uma das janelas da casa, pois que a porta da entrada se achava fechada, foi detido por algumas pessoas de fora que o tinham acompanhado para prevenir alguma desgraça. Foi então preso e recolhido ao corpo de guarda em atenção à sua posição de oficial reformado do exército prussiano”.

Estatisticamente, portanto, o Palácio Iguaçu pode dormir tranquilo. Comparando com final do século XIX, hoje vivemos numa ilha de segurança. Tempos de fúria eram aqueles, quando o jornal “O Paranaense” de 29 de fevereiro de 1880 chegou ao ponto de pedir em manchete: “Policiemos a polícia!”.

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