Como São Pedro está seriamente empenhado em presentear Curitiba com uma nevasca natalina, para que os curitibanos possam realizar o tão acalentado sonho de fazer um boneco de neve na manhã de Natal, não resta a menor dúvida de que o pinguim é uma espécie autóctone de Curitiba.
A teoria pode parecer absurda, entretanto são vários os indicativos a sustentar a tese de que todo curitibano é um pinguim. Não importa o registro de nascimento, o simples fato de uma criatura atestar sua residência em Curitiba já comprova sua natureza de uma ave da família “spheniscidae”, não voadora, típica do Hemisfério Sul, perfeitamente adaptado na Antártida e ilhas dos mares austrais, tendo alcançado a Terra do Fogo, Ilhas Malvinas, entre outras paragens invernais.
Com o corpo fusiforme, cuja morfologia reflete várias adaptações à vida no meio aquático, as asas atrofiadas desempenhando a função de barbatanas e as penas impermeabilizadas através da secreção de óleos, visualmente o pinguim não se parece com o Oil Man, por exemplo. No entanto ele é um “spheniscidae” da espécie ciclística. Quando observado nas ruas de Curitiba e já na pele de um ser humano, o Oil Man comprova a teoria da involução. Basta observá-lo pedalando nestas madrugadas frias, andando através das brumas da Rua das Flores, como se fosse uma cálida noite de verão.
Se alguém dissesse a Charles Darwin que numa outra encarnação os bichos seriam gente com o direito de escolher a cidade onde morar, o pai da teoria evolucionista ficaria uma arara. Pode parecer um tema para o vestibular do Enem, mas em Curitiba temos fatos concretos para afirmar que, depois da morte, os animais ganham uma nova existência na pele de um ser humano. E com o privilégio de escolher o seu novo habitat, ou seja, a cidade onde irão viver. Além do raro fenômeno de aclimatação, quando certas espécies conseguem atravessar o inverno sem uma lareira ou um fogão de lenha em casa, podemos também notar que nem mesmo as temperaturas polares afastam os curitibanos das portas dos bares, quando os pinguins saem à calçada para fumar.
Durante as filmagens de “Os Pinguins do Papai”, o ator Jim Carrey conta que tinha um truque para atrair a atenção dos pinguins de verdade: “Meus bolsos sempre estavam cheios de peixes, e assim eles corriam atrás de mim”.Para comprovar a tese de que todo curitibano é um verdadeiro pinguim, basta usar o truque do Jim Carrey. Encha o bolso de sardinhas e saia pela Rua das Flores. Os pinguins de Curitiba são os outros, de guarda-chuva, galocha e cachecol.