Píncaros da democracia

Começou a escalada aos píncaros do poder. Está liberada a propaganda eleitoral nas ruas e até na internet, conforme a letra da lei. Tendo por base de apoio a vontade popular, os candidatos largaram da planície para alcançar o cume da vida pública, cada qual em suas respectivas cordadas.

 Cordadas, do glossário do montanhismo, saibam os senhores candidatos, seriam para a política o mesmo que um partido político. É onde dois ou mais alpinistas se unem pela mesma corda para atacar os paredões da montanha. Segundo o manual, do montanhista, uma corda de escalada tem geralmente entre 50 e 60 m, que é aproximadamente a distância entre uma parada e outra, ou a distância da base até a primeira parada. O primeiro alpinista da cordada é chamado de “guia” ou “primeiro da cordada”. O que é o papel dos candidatos a presidente. O segundo alpinista de uma cordada pode ser chamado de “segundo” ou “participante”, ou a função dos candidatos a governador, senador, deputado federal e estadual. Numa escalada, o ideal é que os alpinistas tenham o mesmo nível técnico, para que nas necessárias paradas ocorra o revezamento de quem vai à frente. Neste caso, se fizermos uma analogia com a política como a conhecemos, constatamos que os nossos “cordames” só chegam aos píncaros com a ajuda de alguma entidade superior. No caso, as forças do poder econômico é que puxam os desgarrados para o cimo da montanha.

O montanhismo é uma demonstração de solidariedade, acima de tudo, e uma das virtudes dos homens de boa vontade que a natureza respeita e guarda. Por exemplo, o austríaco Erwin Gröger (1912-2008), que é nome de um bosque perto da Ópera de Arame.

No meio do bosque, há bancos e caminhos feitos com deques de madeira elevados, para evitar a formação de trilhas na terra. Na entrada, uma praça é marcada com o desenho da Rosa dos Ventos, uma referência à paixão de Gröger.

Na placa em que a Prefeitura de Curitiba perpetuou o austríaco precursor do montanhismo no Brasil, a síntese de um homem que ganhou o respeito e o agradecimento eterno das montanhas do Marumbi:

“No meio da praça, a rosa-dos-ventos dá a direção. As pedras indicam a altura dos principais picos do Paraná e da Áustria, terra-natal do `Professor´, apelido de Erwin Gröger. Ele escolheu o Brasil para fugir do nazismo e Curitiba para estar perto da Serra do Mar”.

Nesse início de escalada aos píncaros da democracia, que a rosa-dos-ventos do professor Erwin Gröger oriente os candidatos que agora se apresentam ao julgamento público. E se precisarem de um experiente e seguro guia de escalada, convidem Henrique Paulo Schmidlin, o “Vitamina”, guardião do Patrimônio Natural do Paraná e fiel líder da cordada espiritual de Erwin Gröger.