Finda a série de entrevistas com os pré-candidatos a prefeito de Curitiba, se deduz pelas sabatinas da Gazeta do Povo que as campanhas eleitorais deviam ser ao vivo, sem intermediários. Moldados e engessados pelos magos da publicidade, os candidatos não passam de marionetes que diferem pelas cores das gravatas. De resto, os discursos são os mesmos de sempre. Orientados pelas pesquisas qualitativas, são farinhas do mesmo saco.

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De perto (e ao vivo), ninguém é normal, observa Caetano Veloso. Principalmente em se tratando de figuras públicas, a maioria é mais inteligente de boca fechada, mostram os ingleses do Sense About Science, grupo que todo ano faz uma lista das bobagens ditas pelas celebridades sobre saúde e ciência.   

Entre as pérolas das pérolas, a atriz Gwyneth Paltrow acha que uma dieta de desintoxicação é capaz de manter a saúde do fígado. O apresentador de TV americano Bill O’Reilly acredita que as marés são um mistério; e a estrela do reality show “Jersey Shore” Snooki Polizzi pensa que o mar é salgado porque está cheio de esperma de baleia.

Mudando da ciência para o urbanismo, das pérolas recolhidas entre os pré-candidatos a prefeito de Curitiba destacam-se duas de raro brilho.

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O primeiro besteirol é do deputado federal Ratinho Júnior, ao ser perguntado se existe algo em outra cidade que ele gostaria de adaptar para Curitiba: “Fui a Madri em 2004 para um cur­­so. Fiquei 70 dias e achei a ci­­dade muito parecida com Curi­­tiba, no estilo. E lá tem muito cha­­fariz. A água dá uma vida pa­­ra a cidade muito grande e é algo que poderia implantar aqui”.

Robusto na periferia, Ratinho poderia fazer dupla com o minguado Rafael Greca, criador do “Cavalo Babão” do Setor Histórico, chafariz considerado uma das “7 Bizarrices de Curitiba”.

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A vereadora Renato Bueno é uma pérola em todos os sentidos. Contra o projeto já existente do metrô,”porque ele substitui uma linha já existente em vez de integrar o transporte como, ao meu ver, seria correto”, Renata é favorável ao metrô, mas em outro local: é a favor de um modelo “com linhas transversais, que integrem o sistema já existente”.

Ou seja (pelo que deduz a minha santa ignorância), o metrô deveria ligar Santa Felicidade ao Jardim Botânico; o Batel às Mercês; e assim por diante, um buraco bilionário ziguezagueando pela cidade.

Todos os candidatos a prefeito deveriam ser sabatinados ao vivo pelo jornalista Luiz Geraldo Mazza. Se o postulante souber em que bairro fica o Tanque do Bacacheri, já é um bom começo.