Pau-Mandado, esse desconhecido

Informa o colunista Reinaldo Bessa, na Gazeta do Povo de ontem, que um jovem advogado de Curitiba contava, noite dessas, na mesa de um restaurante da cidade, em alto e bom som, que ganhara num só dia R$ 36 mil: ‘Ele foi convocado para ir a São Paulo para encontrar-se com os advogados de um dos presos pela operação Lava Jato. Um motorista esperava-o no aeroporto de Congonhas e o transportou até uma conhecida praia do litoral sul paulista, onde o advogado foi levado até uma lancha.

Esta o conduziu a um pequeno iate em alto mar. Lá chegando, recebeu bermuda, camiseta e chinelos para participar da reunião com os que o aguardavam para discutir a estratégia de defesa do cliente, que está detido na Polícia Federal em Curitiba. Aos que o ouviam à mesa e nas próximas, disse cobrar R$ 3,6 mil por hora de consulta. Logo, dedicou dez horas do seu dia para a secreta reunião al mare. Nada mal!‘ – conclui o Bessa, infelizmente sem dar nome aos tubarões de alto bordo.

Não é preciso cruzar o oceano para localizar os bagrinhos que ganham fortunas para defender e assessorar os tubarões. Basta abrir os jornais nestes últimos dias para saber que o Bessa estava se referindo à prolífera família dos Paus-Mandados, cujos membros têm se destacado no lamaçal da Petrobras.

Um dos mais notórios deles é um capanga da linha de frente de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara Federal. Na Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef contou que estava sendo vítima de intimidação por um deputado federal que integra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as propinas da Petrobras. Youssef não identificou o parlamentar, mas disse que é um Pau-Mandado do Eduardo Cunha.

Agindo sempre nas sombras e deslizando sorrateiro nos corredores mais insalubres do poder, o Pau-Mandado que se preze não deixa rastros por um onde passa, muito menos cartão de visitas com endereço e telefone. Só deixa o pandemônio. ‘Depois de mim, o caos!‘ – costuma se vangloriar o Pau-Mandado. Pau-Mandado não tem bandeira, ideologia ou caráter. Não importa o patrão, se de esquerda ou de direita, para o Pau-Mandado o importante é a missão cumprida e o preço combinado.