Convidado a fazer uma palestra motivacional aos inconformados torcedores do Furacão, o Animador de Velórios dos Campos Gerais foi buscar num livro de Machado de Assis a terapia para serenar os ânimos dos rubronegros. Esquecer é uma necessidade, dizia o escritor: “A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito”.

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Afirmando que em muitos casos, a amnésia pode ser um santo remédio, o Jaguara receitou a atleticanos o mesmo tratamento indicado para um advogado de Ponta Grossa. Acostumado a bater o ponto numa casa de tolerância, certa vez o impoluto pai de família foi apresentado a uma nova funcionária da casa. Era uma galega espetacular. Segundo os olheiros, ela batia um bolão nas divisões de base de uma boate em Rolândia. E de fato, a novata era tão espetacular que o impoluto passou sábado, domingo, segunda e terça na libidinagem.

Passada a bonança, veio a tormenta. Ao medir o tamanho da encrenca, o pecador teve uma iluminação súbita e ligou para o médico de confiança:

– Se for chamado na minha casa, só diga que eu estou com amnésia. E mais nada! 

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Quatro dias desaparecido, foi um deus nos acuda na família do impoluto. Polícia mobilizada, vizinhos curiosos em volta da família como se fosse um velório, quando eis que de repente o empresário chega em casa como se estivesse voltando do trabalho.

Sem falar com ninguém, o cara de pau pendurou o paletó no cabide e sentou na mesa para almoçar. Perplexa, a mulher perguntou:

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– Onde você estava?

– Ora, trabalhando! E pode servir o almoço!

Parentes e amigos reunidos na sala concordaram com o filho mais velho:

– Quatro dias sumido e ainda acha que voltou do trabalho? Vamos chamar o médico!

Como combinado, o diagnóstico do médico tranquilizou a família.

– Amnésia. Em um ou dois dias a memória volta ao normal, com recaídas passageiras.

– Algum remédio, doutor?

– Nenhum. Só é preciso dar tempo ao tempo. Com o tempo tudo melhora.