Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, desceu a serra de São Luiz do Purunã e veio a Curitiba estudar o convite para espairecer as sessões da Câmara Municipal de Curitiba. De príncipio ele se sente muito honrado com a lembrança de seu nome, mas deixou bem claro que só aceitará o encargo se as sessões do plenário forem abertas ao público: “Estou acostumado a lidar com muito gente em torno da falecido”, explica o Animador.

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Degustando um bolinho de carne ao lado do compadre Pancho Camargo, o Jaguara explicava aos ouvintes do Bar Luzitano (com z), do Juvevê, um fenômeno sobrenatural que vem ocorrendo em Curitiba:

– Não tenho medo de buia de cesto. Mesmo assim, me borro nas calças quando tenho que animar velório de zumbis.

– Zumbis aqui no Paraná, seu Jaguara? Seriam eles parentes do Zumbi dos Palmares? – perguntou um circunstante.  

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– Não. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Zumbi dos Palmares foi o líder negro do Quilombo dos Palmares nas Alagoas. Apunhalado nas costas com mais com vinte guerreiros em 1695, teve a cabeça cortada, salgada e exposta em praça pública, visando desmentir a crença do povo sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

– Então os zumbis aqui do Paraná são os mortos-vivos que vivem perambulando fora do cemitério?

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– Perfeitamente! A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do termo “nzumbe”, no idioma africano. É um fantasma que fica vagando pelas casas a altas horas da noite. Essa criatura é um ser humano dado como morto que na verdade não está morto. Nos meus estudos profissionais, aprendi que devido à ausência de oxigênio na tumba, os mortos vivos seriam reanimados e permaneceriam com morte cerebral, em estado catatônico, amedrontando e comendo gente viva.

– Veja lá, Seu Jaguara! Comendo de que forma? Pelas vias normais?

– Depende. O assustador é que nunca ninguém sobreviveu para esclarecer essa dúvida.

Compadre Pancho Camargo, que como ex-repórter político já precisou muitos livros de mistérios, atalhou a conversa:

– Compadre Jaguara, vamos dar nome aos bois! Quem são os zumbis que estão perambulando por aí, fora do cemitério?

– São muitos. Dos casos recentes, o mais famoso deles foi o deputado Nelson Justus. O coitado ficou vagando alguns meses pelos corredores achando que ainda era presidente da Assembleia. Só depois de muito perambular em volta do caixão é que conseguiram convencer o homem a renunciar.

– Seria o mesmo caso do vereador Derosso?

– É o mesmo mistério! O zumbi fica zanzando em volta do caixão, se arrastando pelos cantos. Enquanto não aparecer um bom exorcista, o coitado não entrega o osso. O Derosso não tá morto!