As caveiras descarnadas / São a minha companhia / Trago-as de noite e de dia / A memória retratada; / Muitas foram respeitadas / No mundo, por seu talentos /  E outros vãos ornamentos. / Que serviram a vaidade / E talvez… na Eternidade / Sejam causas de seu tormento. 

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A Capela dos Ossos em Évora, na belíssima região do Alentejo, é o ponto turístico mais sinistro de Portugal. Construída no século 17 junto à Igreja de São Francisco por três fanáticos monges, a assustadora obra nasceu com a intenção de transmitir a mensagem da transitoriedade da vida, tal como os visitantes são advertidos (foto) logo de entrada:

“Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.

A capela surgiu no século 17 por necessidade de esvaziar os 42 cemitérios monásticos de Évora, que ocupavam um espaço muito grande. A solução dos três franciscanos, criativa e sinistra, foi extrair da terra os ossos e usá-los para erguer e “decorar” a capela. Calcula-se que foram usados na obra os ossos de mais de cinco mil monges, entre crânios, tíbias, vértebras e fêmures, dispostos nas paredes, nas colunas e no teto, em macabra arquitetura, desenhando ornamentos. A capela é formada por três naves, com as luzes entrando por três frestas à esquerda. As paredes e os oito pilares são revestidos de ossos ligados por cimento pardo.

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Com as abóbadas pintadas com motivos alegóricos à morte, forrada de caveiras e esqueletos pendurados na parede, aos sair da sinistra capela um turista de Curitiba (principalmente se for do Alto da Glória) não vai poder deixar de imaginar que aquele local poderia ser a sede da torcida organizada do Clube Atlético Paranaense, os Fanáticos. Com isso não estamos dizendo que os três fradinhos que criaram o templo das caveiras fossem primitivos atleticanos. Deviam ser, isso sim, três dos primeiros fanáticos do caldeirão do inferno.