Eram dois irmãos da fuzarca, Luiz Fernando e Hipólito Arzua. Nos tempos em que Curitiba descia a serra em caravana a caminho do mar, a Estrada da Graciosa era uma extensão da Rua das Flores. Entre uma parada aqui e outra acolá para botar água no radiador (e tirar a do joelho), os automóveis seguiam um na rabeira do outro e só ultrapassavam o da frente quando quebrava a rebimboca da parafuzeta ou furava o pneu.

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Numa daqueles fins de semana, Hipólito Arzua estava trocando o estepe do Dodge quando um Chevrolet deu uma paradinha para saudar o vizinho:

– Furou o pneu, Arzua?

Como se dizia naqueles bons tempos do Burro Brabo do Bacacheri, no caminho da Graciosa, Hipólito era a cara “escrita e escarrada” do irmão Luiz Fernando, personagem com direitos autorais reservados ao cronista Nireu Teixeira. Principalmente porque não deixava ninguém sem respostas:

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– Não furou! É o meu passatempo! Gosto botar o estepe novo aqui na serra. Sempre que posso venho aqui trocar o pneu!

Sábado passado, no mesmo horário do Hipólito Arzua, descemos a Estrada da Graciosa para almoçar na Caçarola do Joca, em Antonina, para  depois assistir o Atlético Paranaense jogar em Paranaguá, no Estádio Gigante do Itiberê. Para os nativos, o Caranguejão do rio Itiberê.

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No final do medíocre empate do Atlético com o Goiás, já na saída de Paranaguá, um parnanguara nos pegou no sinaleiro:

– Saíram de Curitiba pra ver o Gigante do Itiberê?

Como testemunha de um dos piores jogos de futebol já realizados na história de Paranaguá, eu devia ter respondido à maneira do Hipólito Arzua.

– Antes fosse, meu amigo. O gigante ficou de fora. O que acabamos de ver foi um bando de nanicos jogando bola.

Como se sabe, os parnanguaras são especialistas em dar apelidos nos visitantes. Segundo eles, o Atlético jogou com o seguinte time: Goleiro de pebolim, Chaveirinho, 100 gramas, Penico de anão e Fotografo de bola rasteira; Pintor de rodapé, Tarzan de samambaia e Surfista de enxurrada; Salva vidas de aquário, Pouca sombra e Atacante de futebol de botão. O técnico era um tal de Domador de camarão.