Pela leitura dos jornais, toda leitura nos leva a crer que a eleição para prefeito será decidida na mesa. Na mesa e no prato, em torno de panelas e espetos dos rega-bofes pré-eleitorais. Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida, repetem os cabos eleitorais citando Bernard Shaw. Uma mostra dessa tendência gastronômica é a justificativa que o ex-presidente Lula deu ao escolher o Programa do Ratinho para reaparecer publicamente após o tratamento contra o câncer: “Porque já comi rabada na casa dele e ele na minha”.

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Uma rabada aqui, outra rabada ali e assim o Ratinho Júnior pretende botar no papo os demais candidatos a prefeito de Curitiba. Bem cotado entre os apreciadores de prato feito, o filho do Ratinho deve percorrer todos os botecos da periferia onde servem rabadas com polenta. E se acabar a rabada nacional, o jovem roedor vai a Roma com o avião a jato do pai para comer uma veraz “coda alla vaccinara”, porque na família roedora é assim: o rato rói a rabada do rei de Roma e a rainha de raiva rói o resto. 

Rafael Greca, notoriamente um guloso, já sentiu no estômago que no PMDB o duelo será no espeto. É tanta a fome de voto entre os minguados comensais de Roberto Requião que os analistas políticos arriscam dizer que o pantagruélico Rafael Greca até pode unir o PMDB em torno de sua sempre farta mesa. Mas em qual cozinha, perguntam eles: no Ile de France ou no Bife Sujo?  

Na mesa oposta, o PT juntou a fome com a vontade de comer. Sem nunca ter sido convidado nem mesmo para uma merenda na Prefeitura, o casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo promete que este ano os companheiros vão tirar a barriga do miséria com o “Carneiro Afrodisíaco” do Gustavo Freut. O que pode azedar esse exótico banquete é a desconfiança de alguns cozinheiros petistas de que, na cozinha da Prefeitura, Gustavo não revele o segredo do “muchugun”, o tempero secreto da família Fruet: uma mistura de ervas com pozinhos de animais em extinção do Senegal e da Zâmbia, difícil de ser encontrada na América do Sul.

Filho dos italianíssimos Splendore e Pier Paolo, o prefeito Luciano Ducci com certeza não vai abrir mão da galinha com polenta. Isto se o Tribunal Regional Eleitoral não regulamentar os gigantescos jantares em Santa Felicidade, a antiga tradição curitibana na qual são arrebanhados milhares de eleitores em troca de cerveja quente e discursos purgativos.

Em Santa Felicidade, quando os candidatos prometem comida para quem tem fome, o eleitorado responde: E cerveja gelada para quem tem sede!

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