Os chifres da rena

Para quem gosta de colecionar pesquisas e abobrinhas, o cientista social William S. Marriage, da Universidade da Cornualha, chegou à conclusão de que os conflitos matrimoniais afloram no final do ano. A causa é a tensão própria do bimbalhar dos sinos natalinos e do espoucar do champanhe. Desavenças causadas principalmente pela fúria consumista, que se fazem sentir nos shoppings, nos restaurantes e até nas agências de viagens, quando o saldo da conta bancária fala mais alto do que o espírito de confraternização universal. E a sagrada convivência no lar se transforma numa verdadeira vida de cachorro.

S. Marriage afirma também que a imagem de um casal romanticamente abraçado em frente a uma vitrine de joalheria é mais falsa de que uma nota de 7 dólares. Normalmente, a causa desta cena idílica é uma só: “Se o maridão deixar a esposa solta, ela sai comprando tudo”, afirma o cientista da Cornualha, mundialmente conhecido por suas frases relacionadas ao casamento.

– O primeiro ano é o mais difícil, os restantes são impossíveis.

– Quando um casal recém-casado sorri, todo mundo sabe o porquê. Quando um casal dez anos casado sorri, todo mundo pergunta o porquê.

– Quando um homem abre a porta do carro à sua esposa, podes estar certo de uma coisa: ou o carro é novo ou é nova a esposa.

– Os solteiros deveriam pagar mais impostos; não é justo que alguns homens sejam mais felizes que outros.

  Em seu livro “Os Chifres da Rena e as Bodas”, S. Marriage conta um conflito típico do período natalino. Uma senhora muito bem casada saiu às compras de fim de ano. Quando voltou, o marido, na maior inocência, foi conferir o talão de cheque da amada esposa. Nos canhotos do talão, os registros de gastos que denunciavam os chifres da rena:

1-Gasolina ; 2- Sapato novo; 3- Chinelo para vovô; 4- Chocolate para vovó; 5- Terno Armani para papai; 2- Tênis para Júnior; 5- Sapatilha para Lucy; 6- Vestido de seda; 7- Happy hour; 8- Restaurante; 9- Gravata para Papai Noel; 10- Motel.