Anote na sua agenda: dia 29 de março é aniversário da Potylândia. Não conhece a Potylândia? Das maravilhas de Curitiba, a Potylândia é a cidade de Poty Lazzarotto, o artista mais visível de Curitiba. O artista não vive, mas se faz presente de norte a sul, de leste a oeste no mapa da cidade. É um ser sempre presente na imaginação de quem vagueia pela Potylândia e que agora ganhou um documentário chamado “Vagão do Armistício”, assinado pelo fotógrafo e psicanalista Paulo Koehler – filho do saudoso médico Roaldo Koehler, último proprietário da fase áurea do bravo e já extinto semanário “Voz do Paraná”.

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Sobre o “Vagão do Armistício” a jornalista Marcela Campos, na coluna “Entrelinhas” da Gazeta do Povo, nos revela a saborosa história do último risoto servido na cantina que a família de Poty Lazzarotto manteve no Cajuru, de 1937 até 1960. Quem conta é o construtor Rozério Machado, 70 anos, responsável por boa parte das obras em concreto assinadas por Poty.

“Em 29 de março de 1998 – aniversário de Curitiba e aniversário do artista – os amigos da família resolveram reviver os bons tempos do risoto da dona Júlia Lazzarotto, servido no Vagão. Para o festejo, chamaram dona Leonilda, a tia Nica, uma das mulheres que socorriam dona Júlia quando muita gente ia comer na cantina. Nica era a última remanescente do time de cozinheiras dos tempos idos. De modo que, naquele dia, o último risoto mais tradicional da história da cidade saiu da panela obediente à receita famosa de Júlia. Para que tudo saísse perfeito, o prato foi servido no barracão de madeira onde funcionava a cantina e que permanece até hoje no mesmo lugar, atrás do Cartório do Cajuru. Está quase igual ao original. Com o tempo e o apodrecimento das madeiras, o local foi sendo reformado e reduzido. Poty morreu logo em seguida, em 7 de maio de 1998. Vagão do Armistício era o apelido do estabelecimento. Ficava atrás do armazém de secos e molhados do ex-ferroviário Isaac Lazzarotto, na antiga Avenida Capanema, e tinha apenas 6 x 3 metros e 45 lugares – mais disputados que um bilhete premiado. O nome fazia alusão ao vagão de trem onde foram assinadas rendições na Primeira e na Segunda Guerra. O local seguia uma tradição da comunidade italiana – a de servir refeição em casa, a preços módicos. Descoberto pelo interventor Manoel Ribas e por artistas, talvez em 1937, o restaurante se tornou um dos mais importantes espaços de sociabilidade da Curitiba da primeira metade do século passado. Ali o jovem Poty foi descoberto por Manoel Ribas, que se tornou mecenas do ilustrador”.

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Para serenar os ânimos fratricidas e reunir os irmãos curitibanos em torno de uma boa mesa, a Potylândia deveria promover uma vez por ano o “Risoto do Armistício”, onde a cidade fumaria o cachimbo da paz com a barriga cheia e o espírito leve.

Quem se habilita a promover o “Risoto do Armistício”?

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