Horácio Braun (1949-2007) foi brilhante jornalista, publicitário, músico e personagem emblemático de Blumenau. Último cabalista e mago cervejeiro do Brasil Meridional, Horácio previa o futuro com o mesmo método e inspiração de antigo cartomante e mestre cervejeiro alemão que viveu no século 16, em Heidelberg: jogava 13 tampinhas de cerveja (da mesma forma como se jogam búzios) e, depois de beber todas as 13 garrafas, revelava o nosso destino. Sempre que abria o ano, tínhamos encontro marcado em algum boteco à beira-mar para sentir a vocação do ano que acabara de nascer. Numa daquelas tertúlias místicas, talvez pressentindo que a fila estivesse correndo muito depressa, Horácio Braun me ensinou a ler os sinais cabalísticos do século 16 para prever eventos futuros.

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 Com o propósito de observar os eflúvios de 2013, na sexta-feira da semana passada voltei a me encontrar com o mestre cervejeiro de Heidelberg. Abri as 13 garrafas, joguei as 13 tampinhas e perguntei ao espírito cervejeiro de Horácio Braun:

– Para a decepção de muitos, a previsão dos maias não se realizou. O ano de 2013, carregando consigo o assombroso número 13, nos reserva algum cataclisma?

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Horácio Braun: “Os Maias usavam 13 números para identificar os 13 fluxos de energia que emanam do Universo. O número 13 era reverenciado por várias civilizações antigas. A tradição sinistra do13 e do dia 13 é muito anterior ao cristianismo, não surgiu com os12 apóstolos, sendo Jesus o 13º. Na Roma antiga nunca se promulgou um decreto no dia 13 e Hesíodo, sete séculos antes de Cristo, aconselhava a não semear no décimo terceiro”.

– Com toda essa mística, mesmo assim 2013 será um bom ano para semeaduras?

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Horácio Braun: “Principalmente para a agroindústria, que vai segurar ainda por muito tempo o “pibizinho” da Dilma Roussef. De resto, as 13 tampinhas de garrafa me dizem que é preciso estar atento com a sinistra tradição de nunca sentar à mesa em 13 pessoas. Com 12 pessoas ao lado, sempre tem um Judas para provocar acontecimentos desagradáveis. O resto é bobagem, assim como os antigos diziam que ninguém escapava com vida depois de beber cachaça com leite, com manga, com melancia, com banana e outras frutas. Se assim fosse, teríamos morrido mil vezes nos botecos”.

Por fim, o mestre cervejeiro de Heidelberg jogou mais 13 tampinhas de cervejas, assim como se jogam os búzios, e muito pensativo chamou o garçom: “Estou com fome! Vamos pedir 13 ostras, 13 mariscos, 13 camarões pistolas, mais 13 cervejas e seja o que Deus quiser!”.