Quando perguntam aos portugueses qual o maior navegante da história, eles dizem:

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— Vasco da Gama, ora pois!

A mesma pergunta no Brasil tem outra resposta:

— O maior navegante da história foi Álvares Cabral. Vasco da Gama foi o vice.

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Segundo o arquiteto Fernando Popp, de uma brilhante geração de urbanistas do Ippuc, o Mosteiro dos Jerônimos não é apenas um testemunho monumental das conquistas portuguesas, encomendado pelo rei D. Manuel I por volta de 1501, pouco depois de Vasco da Gama ter descoberto o caminho das Índias e de Pedro Álvares Cabral ter aportado na Bahia. Mais que isso, é um templo do estilo manuelino onde é preciso entrar ajoelhado e com uma vela na mão, feito um penitente.

Na entrada da capela do Mosteiro dos Jerônimos está o túmulo de Vasco da Gama. Com entalhes do século 19, chama atenção dos turistas muito mais pela fila de brasileiros a bater fotos junto ao navegante que em 1498 circundou o cabo da Boa Esperança.

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— Quem é o falecido, tchê? — pergunta um gaúcho.

— É o vice do Flamengo! – responde o carioca.

E não é para menos, pois na semana passada até o governador Sérgio Cabral fez uma piada com a presidente Dilma ao dizer que, de tantas inaugurações de estádios para a Copa, ela já fez mais gols que o ataque do Vasco:

— Acho que vou levá-la para São Januário! – disse o governador carioca.

Em 1502, dois anos depois do descobrimento do Brasil, Vasco da Gama voltou às Índias e estabeleceu as rotas de comércio portuguesas no Oceano Índico. D. João II, rei de Portugal, o nomeou então em 1525 para o mais importante cargo da Índia: vice-rei!

Honraria de pouca valia, pois logo após ele morreu vítima de febre e assim começou a carreira do maior vice da história universal, atraindo com isso filas e filas de penitentes vascaínos de todo o Brasil, ajoelhados e com uma vela na mão, em busca de um milagre para o Clube de Regatas Vasco da Gama.